A Batalha De El Alamein

Fonte: T2W

Mais conhecida como a segunda Batalha de El Alamein, a luta cansativa durou de 23 de outubro a 3 de novembro de 1942 (A primeira batalha em julho terminou em impasse, com os aliados sofrendo grandes casualidades).

A segunda Batalha de El Alamein será sempre lembrada como o início da derrocada das forças do Eixo na África do Norte e um dos marcos decisivos na Segunda Guerra Mundial. A vitória britânica em El-Alame

in levou o primeiro-ministro Sir Winston Churchill a afirmar que "este não é o fim, não é nem o começo do fim, mas é, talvez, o fim o começo". El Alamein foi uma vitória essencialmente do Reino Unido e das tropas da Commonwealth.

As estratégias

Até o final de 1942, a iniciativa estratégica na frente ocidental estava predominantemente nas mãos da Wehrmacht. A Grã-Bretanha estava confinada à persecução de uma estratégia passiva, combatend

o os alemães e italianos onde eles atacassem. Depois de El Alamein tudo mudaria.

A Grã-Bretanha era decididamente um poder imperial. As ilhas britânicas em si não contavam com os recursos naturais necessários para o sustento de uma indústria moderna. Assim, o povo britânico dependia das linhas vitais de comunicação com a América, África e Ásia. A estratégia britânica no Mar Mediterrâneo, pautada pela inferioridade (pelo menos em tese) de suas forças, era conter os italianos e garantir a existência dessas linhas de comunicação, cujos pontos críticos no Mediterrâneo eram Suez e Gibraltar.

A perda do Canal de Suez traria para os ingleses prejuízos incalculáveis, além de possibilitar aos alemães o acesso ao petróleo do Oriente Médio (que havia sido descoberto nos anos 20 e 30), bem como possivelmente a abertura de uma outra frente de ataque à União Soviética, pelo sul, além de facilitar as pressões para a possível entrada da Turquia na guerra. Dessa forma, o combate em El Alamein tornou-se prioritário.

A Marinha Real Britânica, mesmo empenhada na luta de morte no Atlântico e com a defesa de terri

A imagem “http://www.historyplace.com/worldwar2/ww2-pix/mont.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

tórios no Pacífico, havia tido até o momento ponderável sucesso contra a Regia Marina Italiana. Em terra, após um início promissor nas hostilidades contra os italianos em 1940, os britânicos, amargavam severas derrotas, como a perda da Grécia, de Creta e da Tripolitânia, e pouco tinham o que mostrar pelo fantástico arsenal que acumulavam, muito dele proveniente aliados americanos. A própria lenda em torno da Raposa do Deserto era um alvo de guerra. Os ingleses o haviam elogiado e tentado assassiná-lo, mas nunca haviam conseguido realmente vencer Rommel no deserto. "Bater Rommel, o que mais importa?", comentara o primeiro-ministro. Churchill não poupou esforços para garantir o sucesso em El Alamein. Substituiu o General Auchinleck pelo General Bernard Law Montgomery como Comandante-Chefe do Oriente Médio, com o comando do 8º Exército, e supriu suas formações com um arsenal inédito na África do Norte, que incluia 300 modernos tanques Sherman americanos, que, com seu canhão de 75 mm, era mais do que páreo para os melhores tanques alemães no campo.


Para o alto comando alemão, as operações no norte da África sempre tiveram importância secundária, e nunca tiveram por objetivo a conquista do Egito, pelo menos até Rommel mostrar-lhes que isso não era impossível. O comprometimento alemão naquele continente se deu para conter os ingleses e auxiliar os italianos, que após a espetacular derrota em Beda Fomm viam-se no risco de ter que retirar-se do teatro da África Setentrional, o que bem poderia ter acontecido não fosse a decisão de desviar os blindados de O´Connor para a Grécia. Assim, os alemães pensaram em enviar uma pequena força de Panzers (Operação Sonnenblume) e um contingente aéreo para ajudar seus aliados meridionais a estancar o avanço inglês. Jamais imaginaram que pudessem chegar tão longe.

A imagem “http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b9/El_Alamein_1942_-_British_infantry.jpg/300px-El_Alamein_1942_-_British_infantry.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

De fato, Rommel excedeu completamente suas ordens, e muitas vezes as descumpriu, percebendo de imediato as possibilidades que tinha uma força de blindados operando no vasto "mar" que era o deserto africano. Ele percebeu que os britânicos não eram tão fortes assim, e que as suas forças foram magnificadas pela dimensão das derrotas inflingidas aos italianos. Mesmo com uma força destinada apenas a travar batalhas defensivas, de escopo limitado, o talentoso comandante conseguiu infligir derrota após derrota ao 8º Exército e aos seus adversários ingleses, os generais Archibald Wavell, Claude Auchinleck e Neil Ritchie.

Em meados de 1942, quando o OKW percebeu que era possível uma vitória total na África, e que isso poderia render enormes dividendos, já era talvez tarde demais. Naquela época a Alemanha encontrava-se no limite da utilização dos seus recursos e no ápice da sua grandeza territorial, guardando uma imensa frente que ia desde o Círculo Polar Ártico, na Noruega, aos desertos da África do Norte, no sul, e desde Stalingrado, no Volga, à costa Atlântica francesa. Com quase todas as forças engajadas na frente oriental, não seria sem sacrifícios que pudessem reforçar o desgastado Panzerarmee Afrika.

A situação de suprimentos para a força africana piorava a cada dia. Graças à atuação dedicada de tripulações da Marinha Real e da RAF, e, principalmente, à quebra das cifras navais alemãs (Projeto Ultra) os comboios que saíam da Itália eram afundados com regularidade crescente. Às vésperas da batalha em El-Alamein, o afundamento de dois petroleiros, um dos quais trazendo combustível de aviação, limitou ainda mais a mobilidade do exército alemão.

Assim, a OKW e o Commando Supremo tinham que decidir entre tentar melhorar a situação de abastecimento com a ocupação da ilha de Malta, ou ir adiante e tentar a conquista do Egito. O Marechal Albert Kesselring, Comandante-em-Chefe Sul das forças alemãs, preferia a primeira alternativa, mas Rommel persuadiu os seus superiores de que podia vencer o 8º Exército Britânico mais uma vez. Dessa forma, fiaram-se mais uma vez no talento e sorte da "Raposa do Deserto", deixando-o combater com o que dispunha.

Já os italianos tinham as suas próprias dificuldades. O Alto Comando não sabia decidir se vergonha maior eram as derrotas fragorosas para forças inferiores britânicas ou o fato de que forças alemãs ainda menores realizavam o que para eles era o impensável. Desse modo, nunca viam com bons olhos o envio de mais tropas alemãs para a África e até as relações de Rommel com os seus comandantes, que nominalmente eram seus superiores, nunca foram as melhores.

Politicamente era desgastante para o Duce perder para Hitler os louros da campanha africana, empresa de enormes dimensões a que lancou o seu país, principalmente após o vexame na Grécia, onde Hitler igualmente roubou a cena. Ele tinha grandes planos de fundar um novo império romano, herdeiro do antigo, seguindo os passos dos antepassados latinos pela Grécia e norte da África. Porém passados poucos meses de guerra, o exército italiano, considerado nos anos trinta como uma força moderna e temível, revelou-se totalmente inepto para seus objetivos, e depois da fracassada aventura grega, Mussolini queria e precisava de uma vitória italiana, pois já estava bastante enfraquecido nas suas relações com a Alemanha e diante do mundo. Porém, simplesmente não dispunha dos meios para isso, e via-se na posição, péssima para ele, de depender dos alemães mais uma vez. Assim, a estratégia italiana era permeada pela dupla necessidade de os ingleses serem derrotados, e de não parecer que a vitória foi alemã.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/00/El_Alamein_1942_-_British_Matilda_tanks.jpg

A campanha no norte da África

Em novembro de 1942, a campanha na África do norte se aproximava do seu terceiro ano. Após meses de lutas dramáticas para ambos os lados, na qual alternavam em sortes e reveses, a frente se estabilizara perto da fronteira egípcia, numa localidade conhecida como El Alamein. Já a situação estratégica pendia fortemente para o lado dos Aliados. O Eixo se mostrava incapaz de manter abastecido o seu exército na África, considerado pelos alemães, desde o começo, como uma força expedicionária em um teatro secundário. Inúteis foram os apelos do comandante do Afrika Korps, Marechal Erwin Rommel, no sentido de que o abastecimento tinha que ser garantido por forças aéreas e navais, ou o teatro no norte da África teria se ser abandonado. Alheios à real situação, tanto o OKW alemão quanto o Commando Supremo Italiano fizeram vista grossa às necessidades das tropas em África, eclipsadas que estavam pela luta de morte travada pelos alemães (e italianos)em Stalingrado e em toda a União Soviética.

Após a impressionante vitória alemã na frente de Gazala, a que se deve, acima de tudo, ao brilhantismo de Rommel e à tenacidade e experiência dos veteranos do Afrika Korps, as forças do Eixo foram no encalço do 8º Exército Britânico (no "Galope de Gazala"), através da fronteira egípcia até a localidade de El Alamein, onde o mar, ao norte, e a depressão de Quattara, ao sul, formavam barreiras naturais intransponíveis e estreitavam a frente de batalha.

Ali, a 150 quilômetros do Cairo, com os britânicos queimando seus papéis secretos em Alexandria, onde Mussolini pensava fazer uma entrada triunfal montado num cavalo branco, as forças alemãs, beirando o esgotamento humano e material, foram obrigadas a parar. Em 30 de agosto, as forças do Eixo ainda atacaram em Alam Halfa, buscando quebrar a linha britânica antes que as defesas pudessem ser totalmente preparadas. Os britânicos, cientes dos planos alemãs através da seção "Ultra" do seu serviço de inteligência, que podia ler todas as mensagens codificadas do inimigo, estavam à espera, e somente uma tempestade de areia salvou os blindados alemães do aniquilamento. Típica sorte de Rommel. Os alemães foram decididamente detidos em Alam Halfa e daí em diante passaram definitivamente para a defensiva. O comando alemão rapidamente percebeu que, com as linhas de suprimentos estendidas por mais de 1500 quilômetros desde Tripoli, o exército perdera grande parte de sua mobilidade. O desorganizado serviço de abastecimento italiano, do qual dependia, não tinha reformado o porto de Tobruk nem alterado as rotas dos seus navios até o momento, para desespero de Rommel. Mesmo uma retirada seria uma empresa de enorme dificuldade, dada a falta de combustível. Com efeito, os alemães apenas chegaram tão longe porque capturaram imensas quantidades de suprimentos britânicos em Tobruk - uma derrota bastante oportuna para os ingleses. Assim, foi decidido defender a frente em El Alamein, onde a natureza protegia os flancos das divisões panzer e restringia qualquer ação dos britânicos, para desgastá-los e ganhar tempo até que forças adequadas pudessem ser trazidas para se tentar um contra-ataque.

Os exércitos

Após a batalha de Alam Halfa Rommel estava com seus efetivos praticamente esgotados, podendo contar apenas com umas poucas dezenas de tanques alemães. Durante os meses que precederam a Segunda Batalha de El Alamein, contudo, um grande esforço foi feito para reconstituir a aPanzerarmee Afrikaa, além das formaçoes blidadas italianas. Além disso, os alemães minaram extensivamente o terreno à frente dos seus exércitos. Centenas de milhares de minas de todos os tipos, inclusive explosivos britânicos capturados foram enterradas, criando o que se tornou conhecido como o "Jardim do Diabo".

Atrás do denso campo minado, os exércitos do Eixo podiam mobilizar 100.000 homens e quase 500 tanques. Contudo, a maioria desses tanques eram de fabricação Italiana, incluindo os notórios M.13, os quais tinham desempenho sofrível em combate, além de terem uma curiosa tendência a incendiar-se espontâneamente. Os italianos, apesar da sua bravura individual, eram bastante prejudicados pela qualidade do seu equipamento e pelo calibre inferior dos oficiais que os comandavam. Desse modo, o comando alemão, inclusive Rommel, que combatera os italianos no Isonzo em 1918, via a necessidade de usar as tropas italianas entremeadas nas formações alemãs, por absoluta falta de confiança no desempenho daquelas.

Operação Supercharge

Monty agora queria isolar as tropas alemãs que defendiam a costa. Na Operação Supercharge, enviou a 9ª Divisão Australiana para o norte, com este objetivo. Rommel, agora limitado a uma estratégia passiva, "apagando incêndios" onde estes apareciam, e já sem qualquer esperança de retomar a iniciativa, arremessou para a costa a 90ª Divisão Leve Africa, a sua última reserva.

Em vista disso, Montgomery novamente muda mais uma vez o centro de gravidade do seu ataque um pouco mais ao sul da costa, na linha original ao norte. Esperava valer-se da maior mobilidade de que dispunham as suas forças, e sabia que os alemães não tinham nada com que reforçar as suas castigadas linhas.

Novo ataque

Após dois dias de reagrupamento, Monty se lança novamente ao ataque, dessa vez liderado pela a 1ª Divisão Blindada, em 1º de novembro. Contudo, de novo a carga britânica é detida pelas defesas de Rommel, e os tanques britânicos se vêem atacando frontalmente tais defesas, sendo flanqueados após qualquer penetração. As perdas sustentadas pela 1ª Divisão Blindada são enormes, quase dois terços dos seus tanques são destruídos em frente das posições da 15ª e 21ª Divisões Panzer. Mesmo assim, os ingleses mostram-se muito aguerridos, sustentando as suas posições para permitir que mais tanques sejam enviados à brecha. A guerra de atrito lhes convém, e a estratégia de "sangrar" o inimigo logo daria resultados. Contudo, o dia passa sem que qualquer rompimento da linha seja conseguido.

Percebendo que atacava a linha justamente no seu ponto mais forte, onde se concentrava o grosso das tropas alemãs, Monty mais uma vez flexibiliza o seu planejamento, e desfere um violento golpe mais ao sul, próximo ao centro da linha, nas posições defendidas pela Divisão Littorio blindada italiana. Estes não resistem ao ímpeto do ataque e batem em retirada, expondo o ala direita da 21ª Divisão Panzer e deixando Rommel com uma inferioridade em tanques agora da ordem de 20-1.

A imagem “http://www.foxesinthevineyard.com/hisfig_images/images/romel.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

Rompimento das linhas do Eixo

Montgomery expora a brecha, procurando de todo o modo romper a linha no dia 3 de novembro. Dois ataques vigorosos são detidos. Contudo, à noite, elementos da 51ª Divisão Highland e da 4ª Divisão Indiana irrompem as linhas do Eixo, no ponto de junção entre a Littorio e a 21ª Divisão Panzer. Ao mesmo tempo, em Tobruk, a Marinha Real afundava o petroleiro Proserpina, a última chance para Rommel de abastecer os seus sedentos veículos.

Retirada

No dia 4 de novembro, a torrente britânica irrompeu de vez. Não havia nada mais que as forças despedaçadas do Eixo pudessem fazer. Rommel não podia mais ver a carnificina e ordenou a retirada, com ou sem a permissão do Führer. Para piorar o desgosto que sentia pelo alto comando, algumas horas depois vinha a permissão para o desengajamento das suas forças. Já então sabia que os americanos haviam desembarcado em massa na Tunísia, para onde se dirigia. Escrevendo tempos depois sobre a batalha de El-Alamein, Rommel lamenta amargamente não ter descumprido a ordem de Hitler 24 horas antes, quando poderia ter salvado muito mais de seus homens e equipamentos.

A situação agora era extremamente crítica para ele. Com forças inglesas agora por toda a parte ao seu redor, via-se no sério risco de ser totalmente cercado e aniquilado. Neste dia, Montgomery perdeu uma chance preciosa de destruir de vez o Afrikakorps. Ao invés disso, ordenou uma manobra de ambição limitada, mandando suas forças para ocuparem a costa em Gazala, apenas 16 km atrás das linhas de frente. Com isso, foi possível aos alemãs empreender uma retirada quase impensável, com a 90ª Divisão Leve Africa destacando-se na luta na retaguarda para garantir a evacuação do grosso das tropas.

Em Vídeo: