PAMPA Argentino poderia se converter em uma opção para o Equador

EQUADOR: País pode comprar aviões de outros lugares

Fonte: Gazeta Mercantil

SÃO PAULO, 26 de novembro de 2008 - O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou hoje que se o Brasil suspender a venda de 24 aviões de combate e uma aeronave para uso presidencial vai recorrer a outros países.

'Nós sempre tentamos privilegiar os mercados regionais, mas podemos comprar em outro país', avalia Rafael Correa.


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Brasil suspende financiamento de 24 Supertucanos ao Equador

Negócio de US$ 261 milhões é vetado em retaliação às ameaças de calote ao BNDES feitas por Rafael Correa

Tânia Monteiro e Lu Aiko, de O Estado de S. Paulo Via Estadão

BRASÍLIA - O governo brasileiro suspendeu a autorização para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a venda de 24 aviões Supertucanos à Força Aérea do Equador, um negócio de US$ 261 milhões. A medida é mais uma retaliação ao calote anunciado na semana passada pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, que decidiu recorrer à Corte Internacional de Arbitragem para não pagar a dívida de US$ 243 milhões ao BNDES - dinheiro investido na construção da Usina Hidrelétrica de San Francisco, obra tocada pela construtora brasileira Norberto Odebrecht, que foi expulsa do país.

Formalmente, o governo brasileiro ainda não negou o financiamento do BNDES para a compra dos Supertucanos pelo Equador, mas fontes do Planalto foram categóricas, ontem, ao tratar do assunto: "Temos todo o interesse em fechar o negócio. A Embraer não é a Odebrecht, os negócios são completamente diferentes, mas eles (equatorianos) terão de encontrar outra fonte de financiamento."

O negócio da venda dos aviões da Embraer foi anunciado em abril passado pelo próprio Correa. Recentemente, os equatorianos pediram à empresa brasileira para antecipar a entrega de quatro dos aviões para maio do ano que vem. O acordo preliminar foi acertado, mas o contrato não foi assinado e, agora, ele poderá sofrer restrições porque a idéia era financiar a operação de exportação com recursos do BNDES.

Diante do calote no financiamento da hidrelétrica, o próprio banco mandou um recado informal aos negociadores equatorianos: o BNDES não vai analisar novas operações até que se resolva o impasse que envolve a obra da Odebrecht. Com isso, se quiser mesmo receber os aviões em maio, como pediu, Corrêa terá de encontrar outra forma de financiar a compra.

O Brasil tem todo o interesse em concretizar o negócio - comercial e estrategicamente. Comercialmente, porque ele é importante para a Embraer, uma vez que aumenta a área de influência dos seus negócios na América Latina. Mas um ministro assegurou ontem ao Estado que, nessas condições, "não há possibilidade de o financiamento ser aprovado". Colômbia, Chile e El Salvador já possuem Supertucanos integrados às suas Forças Aéreas.

Isso facilita a integração entre as forças, permitindo melhor comunicação durante os exercícios e, em caso de necessidade, de uma operação conjunta de combate ao narcotráfico, por exemplo - além de dar mais equilíbrio à região e uma relativa independência em relação à equipamentos estrangeiros.

A configuração escolhida pelo Equador é a chamada Versão Colômbia, com instrumentos eletrônicos comprados de Israel e capacidade para o uso de armas inteligentes - bombas e mísseis guiados por laser e GPS. Cada avião pode levar até 1,5 tonelada de carga de ataque, mais duas metralhadoras orgânicas .50. As aeronaves eletrônicas do tipo AEW têm um custo básico unitário de US$ 80 milhões - fora o material de suporte.

O ministro da Defesa do Equador, Javier Ponce, disse na ocasião que "o equipamento, centralizado no sistema do radar sueco Erieye, aumentaria de maneira significativa a capacidade de pronta resposta da aviação e defesa aérea."


Pilatus PC-21 poderia se converter em uma opção para o Equador

Inadimplência do Equador afeta América do Sul, diz Amorim

Reuters - Abril News - (Reportagem de Raymond Collit)


BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, alertou nesta segunda-feira que o não pagamento pelo Equador de um empréstimo feito junto ao BNDES prejudicaria não só o Brasil, mas toda a América do Sul.

"Qualquer inadimplência vai ter efeitos que vão além da relação Brasil-Equador. Isto vai prejudicar outros países da América do Sul. O risco dessas operações vai subir", disse Amorim a jornalistas, referindo-se ao CCR, sistema de crédito da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).

Por este sistema, os bancos centrais são avalistas dos empréstimos e o não pagamento por parte de um país torna o seu banco central devedor dos demais bancos centrais signatários do convênio.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou a construção de uma usina hidrelétrica no Equador feita pela construtora Odebrecht. O empréstimo foi de 320 milhões de dólares. O Equador anunciou na última quinta-feira ação em uma câmara de arbitragem internacional para suspender o pagamento da dívida devido a problemas de funcionamento da hidrelétrica.

No dia seguinte, o Brasil convocou o embaixador no Equador para discutir uma resposta à decisão do governo equatoriano.

Amorim disse que acordos com o Equador que envolvam novos financiamentos do Brasil serão vistos com muito cuidado. "Não queremos fazer nada que possa prejudicar o povo equatoriano", ressaltou o ministro, acrescentando que as consultas ao embaixador brasileiro no Equador ainda não terminaram.

O chanceler brasileiro descartou qualquer mudança na política externa do Brasil pela ação mais incisiva em relação ao Equador, que contrastaria com a atitude do país quanto à Bolívia, quando o país vizinho tomou instalações da Petrobras ao nacionalizar os hidrocarbonetos.

"Não teve mudança de postura, as circunstâncias são diferentes", disse Amorim.