Presidente da Airbus planeja parceria com Embraer
Executivo considera desempenho da brasileira 'surpreendente'.
Enders irá conhecer a empresa de perto nesta terça.
Executivo considera desempenho da brasileira 'surpreendente'.
Enders irá conhecer a empresa de perto nesta terça.
Do Valor OnLine - Via G1
O alemão Thomas Enders, principal executivo da Airbus, tem acompanhado à distância o crescimento da Embraer e considera o desempenho da companhia brasileira de jatos regionais " surpreendente " .Nesta terça-feira (4), Enders irá a São José dos Campos (SP) conhecer a empresa de perto. Lá, ele irá discutir o desenvolvimento de mercado, tecnologia de fabricação e talvez discutir como " fazer alguma coisa em conjunto " .
Enders não detalha se o que pretende é uma aliança da Airbus com a Embraer ou com os fornecedores da empresa brasileira. De qualquer forma, a aproximação faz parte da estratégia da Airbus de ampliar fronteiras e de reduzir um pouco o que Enders chama de " europeização " . Há pouco mais de um mês a empresa inaugurou uma fábrica na China, a primeira da fabricante européia fora da Europa. " Éramos a melhor da Europa e agora queremos ser a melhor do mundo " , afirma o executivo.
Enders diz estar admirado com o que foi feito pela Embraer nos últimos 15 anos. Afirma também que tem o que aprender com a empresa brasileira. Ele diz que escolheria a Embraer se tivesse que apostar em um dos fabricantes dos países emergentes a longo prazo.
" Há mais de 40 anos, lideranças da indústria aeronáutica da França e Alemanha se uniram para enfrentar o poderio da americana Boeing. Foi nesse consórcio, que depois ganhou a adesão da Espanha e Reino Unido, que a Airbus conseguiu força para ganhar praticamente a metade do mercado de avião comercial.
Agora, os dois fabricantes têm de enfrentar a ascensão dos países emergentes. Enders aponta o avanço da Rússia, que já desenvolveu aeronaves para até 100 passageiros. " Temos conversas com o russos e também com os chineses " , diz. Ele calcula que em mais 20 anos os chineses terão capacidade de desenvolver aviões.
Apesar dos pedidos em carteira para longo prazo, a indústria aeronáutica sofre com a crise atual. " É um setor muito frágil, que sempre sofre com crises guerras " , diz Enders. Segundo ele, na comparação com setembro, o movimento de passageiros caiu 3% em todo o mundo. A América do Sul foi a única região onde não houve queda no número de passageiros no período. Segundo Enders, a indústria aeronáutica deverá terminar 2008 com resultados negativos em torno de US$ 5 bilhões.
Apesar da queda nos últimos dias, o preço do petróleo ainda preocupa o setor. Enders lembra que no começo do ano o preço do barril chegou a US$ 140. Agora baixou para médias entre US$ 60 e US$ 70. " Se calcularmos a média para o ano chegaremos entre US$ 110 e US$ 113, o que ainda é muito considerável " , diz. Este ano, os gastos das companhias aéreas com combustível devem somar US$ 180 bilhões. Isso equivale, diz, a 30% dos custos. Há seis anos, o combustível representava 13% dos custos, com US$ 40 bilhões.
EMBRAER avalia possível desenvolvimento de jato maior
Da Reuters - Por Alberto Alerigi Jr - Via G1
A Embraer pode desenvolver nos próximos anos um avião maior que ficaria entre os segmentos atendidos por ela atualmente e pelas gigantes Boeing e Airbus. No momento, a fabricante brasileira avalia o mercado e entende que no futuro poderá fazer o jato "com ou sem parceiros", afirmou o vice-presidente de finanças da empresa nesta terça-feira.
"No futuro, certamente, teremos que ter algumas definições... Desenvolver um avião maior talvez sim, sozinhos ou em conjunto, é uma coisa a ser definida", disse Antonio Luiz Pizarro Manso, em teleconferência sobre os resultados de terceiro trimestre da companhia. Para mais informações sobre o balanço, clique .
"A gente entende que o mercado hoje está sendo perfeitamente atendido pelos aviões atuais, o (Boeing) 737, o (Airbus) A320. Nesse momento, nossa estratégia é aguardar, inclusive um dos pontos para qualquer definição futura é o problema do motor, o motor até hoje não é claramente definido qual o melhor motor a ser aplicado", disse o executivo sem dar mais detalhes.
O executivo respondeu a perguntas sobre comentários do presidente da Airbus, Thomas Enders, feitos na véspera sobre uma eventual parceria da companhia européia com a Embraer no desenvolvimento de novo modelo ou em serviços. Na ocasião, o executivo citou que sua empresa tem relação próxima com a Embraer e comentou que "quem sabe no futuro possamos desenvolver alguma coisa juntos".
"É muito importante entender que a Embraer e a EADS (grupo do qual a Airbus faz parte) têm uma parceria de 10 anos. Eles já foram acionistas da Embraer, depois a EADS se tornou nossa sócia em uma empresa em Portugal. Conversas a gente sempre tem, mas não há nenhuma definição específica agora", disse Pizarro. "Estamos avaliando o mercado. Não temos definição no curto prazo. Certamente, no futuro, pode ser, com ou sem parceiros", acrescentou o executivo brasileiro sobre eventual novo modelo.
Atualmente, o maior modelo de avião comercial da Embraer, o 195, tem capacidade para cerca de 120 passageiros e é voltado para companhias aéreas regionais. Enquanto isso, a menor família de aviões da Airbus é a A320, com aeronaves com capacidades entre 107 e 185 passageiros.
Caso se decida pela produção do novo avião, a Embraer entrará em rota de colisão com sua principal rival, a canadense Bombardier, no novo segmento. A Bombardier decidiu este ano iniciar o projeto do novo jato CSeries, que terá capacidade para entre 110 e 130 passageiros. Uma eventual aeronave maior também colocaria a fabricante brasileira competindo em terreno da Boeing e da Airbus, se não se associar a uma delas.
A avaliação da empresa brasileira também ocorre em um momento de surgimento de novos rivais na aviação regional. A Mitsubishi Heavy está desenvolvendo um jato regional com apoio do governo japonês e da Boeing. A CACC, da China, espera fazer o primeiro vôo-teste de seu ARJ21 em meados deste mês.
CRISE FINANCEIRA
A crise financeira internacional ainda não surtiu efeitos de cancelamentos de pedidos da Embraer, mas já provocou alguns adiamentos de entregas, disse Pizarro. Por conta da escassez de crédito a companhia avalia concessão de empréstimo-ponto e financiamentos de curto de prazo para apoiar pedidos de clientes.
"Estamos vendo que o mercado está realmente com processo de retenção de financiamento de alguns clientes e isso, certamente nos próximos três a oito meses nós teremos uma definição mais clara do que pode acontecer", afirmou.
Ele disse que os financiamentos não serão duradouros e sim empréstimos-ponte, de curto prazo, "até que o mercado se restabeleça".
"É uma possibilidade (a Embraer conceder financiamentos), sim, mas ainda não temos definição neste momento."
A companhia entregou no trimestre passado 48 jatos, um a mais que no mesmo período de 2007, e manteve previsão de entregas em 2008 de entre 195 e 200 aviões. A empresa realiza entre quarta e quinta-feira evento com investidores em sua fábrica onde pretende divulgar projeções para 2009.
Em comunicado separado, a Embraer divulgou previsão para o mercado chinês de aviação nos próximos 20 anos, no qual vê demanda para 875 novas aeronaves regionais, das quais 120 com capacidade para 30 a 60 assentos, 295 com 61 a 90 lugares e 460 de 91 a 120 assentos.
Às 12h13, as ações da Embraer estavam em alta de 10,89 por cento com alta de 0,09 por cento, enquanto o Ibovespa avançava 2,08 por cento.
Embraer não vê necessidade ainda, mas está pronta a financiar clientes
Do Valor OnLine - José Sergio Osse - Via G1
A Embraer ainda não vê necessidade de financiar diretamente seus clientes por conta da crise mundial, que tem reduzido a disponibilidade de crédito no mercado. Ainda assim, a fabricante brasileira afirma estar preparada para, se necessário, financiar temporariamente os compradores de seus aviões que venham a ter dificuldade de obter recursos nas instituições financeiras tradicionais.
"Hoje a situação é de incerteza. O mercado está sofrendo um processo de retenção de financiamento, o qual estamos acompanhando de perto", afirma o vice-presidente de Finanças da companhia, Antônio Luiz Pizarro Manso. Segundo ele, a empresa já tem uma idéia do que pode ocorrer no curto prazo, "nos próximos oito a nove meses", em relação às entregas.
"Não vemos ainda necessidade de financiar diretamente. Mesmo nesse caso, mantemos nossa política de que, se concedermos crédito, seria algo curto e temporário; apenas uma ponte", disse. "Mas estamos prontos para atender a essa demanda, caso necessário", acrescentou.
No radar da Embraer, já aparecem alguns sinais de problemas, mas que ainda não são suficientes para iniciar o processo de financiamento próprio. Manso lembra que, até o momento, a fabricante não recebeu nenhum cancelamento de pedidos de seus clientes, embora alguns já tenham solicitado adiamentos de entregas.
No total, informa Manso, cinco aviões que seriam enviados neste ano foram postergados para 2009. Com isso, serão antecipadas algumas entregas e, portanto, a expectativa da empresa continua a ser a de enviar entre 195 e 200 jatos comerciais a clientes neste ano.
Para 2009, a Embraer mantém no momento a previsão de entregas, que é igual à deste ano. Isso deve ser alterado em breve, para acomodar nas previsões o impacto da crise mundial e, consequentemente, o efeito sobre a demanda de seus clientes. "Estamos reavaliando (nossa previsão de entregas para 2009), mas ainda não temos uma definição", disse Manso.
Sócia e rival da Embraer na China anunciam fusão
Projeto chinês é criar um grande grupo capaz de concorrer
também com Boeing e Airbus
Cláudia Trevisan - Estadão
A sócia chinesa da Embraer, a Avic II, se fundiu com a principal rival da empresa brasileira na China, a Avic I - que se prepara para colocar no mercado um avião de 70 a 95 lugares, concorrente da família de jatos executivos produzidos em São José dos Campos (SP). De acordo com o governo de Pequim, a companhia resultante da união vai comprar uma fabricante estrangeira de aviões para acelerar seu desenvolvimento tecnológico, em operação que deve ser anunciada até o fim do ano. O nome da empresa a ser adquirida não foi revelado.
O presidente da Embraer na China, Guan Dong Yuan, afirmou que a fusão entre a sócia e a rival não muda a situação da empresa no país. Mas fontes ouvidas pelo Estado acreditam que a operação, no mínimo, cria incertezas em relação ao futuro, principalmente pelo fato de o comando da nova empresa ter ficado com o ex-presidente da Avic I, Lin Zuoming.
Quando entrou na China, em 2002, a Embraer se associou à Avic II, uma das duas grandes empresas estatais do setor, que tinha a tarefa de fabricar helicópteros e aviões de pequeno porte. A outra, a Avic I, era responsável pelo desenvolvimento de aeronaves médias e grandes.
Enquanto a Avic II se associou à Embraer, a Avic I fechou um acordo de cooperação tecnológica com a canadense Bombardier, principal concorrente da brasileira no mercado de aviões regionais.
No dia 28 de outubro, a Avic I e Avic II se fundiram em uma única empresa, a Avic (China Aviation Industry Corporation), cujo objetivo final é a criação de aviões chineses de grande porte, com capacidade para mais de 150 passageiros, que possam reduzir a dependência do país das gigantes Boeing, americana, e Airbus, européia.
Em conferência realizada na segunda-feira, véspera da abertura da 7ª Feira Aeroespacial da China, Lin Zuoming afirmou que o objetivo da Avic é se consolidar como um ator global nessa indústria em meados da próxima década. A companhia também pretende fabricar jatos executivos de 10, 20 e 30 lugares, outra faixa de mercado na qual a Embraer atua.
Com o lançamento do EMB-190, jato com capacidade de 98 a 114 passageiros, as vendas da Embraer deram um salto que colocou a empresa brasileira no terceiro lugar no ranking da aviação, atrás de Airbus e Boeing e à frente da Bombardier.
Embraer e Avic II têm uma fábrica na cidade de Harbin, no nordeste da China, onde produzem o ERJ-145, um avião com capacidade para 50 passageiros.
Além de vender essa aeronave na China, a Embraer vem aumentando os contratos para entrega do EMB-190. Em 2006, a empresa brasileira fechou um acordo de venda de 100 aviões para a Hainan Airlines, sendo metade de EMB-190 fabricados no Brasil e o restante de ERJ-145 produzidos na fábrica de Harbin.
CONCORRENTE
O primeiro passo da China no desenvolvimento de aviões de grande porte é o lançamento do ARJ21, o jato de 70 a 95 lugares que concorre diretamente com a família de jatos executivos da Embraer e é produzido pela Commercial Aircraft Corporation of China (CACC), um braço da Avic.
A CACC anunciou ontem a venda de 25 ARJ21 para a General Eletric, um negócio no valor de US$ 733 milhões. É a primeira venda fechada com um comprador estrangeiro. A GE participa na fabricação do ARJ21 com o fornecedora dos motores dos aviões. A primeira entrega ocorrerá apenas em 2013.
Com a experiência na construção deste avião, a China espera desenvolver a tecnologia necessária para ter sua própria aeronave com mais de 150 lugares. “Ter um grande avião chinês no céu azul não é apenas o desejo do governo, mas de toda a nação”, afirmou o presidente da CACC, Jin Zhuanglong, na segunda-feira, na mesma conferência realizada na véspera da abertura da 7º Feira Aeroespacial da China.
''Parceria está fadada a acabar''
Beth Moreira - Estadão
A joint venture que a Embraer mantém com a Avic II está fadada a acabar no futuro próximo, na avaliação de Paulo Bittencourt Sampaio, da consultoria Multiplan. O consultor destacou que os chineses têm esse perfil de fazer parcerias em busca de novas tecnologias, para depois partirem para produção solo. "A previsão é de que eles se tornem rapidamente fortes concorrentes da Embraer", disse. Sampaio lembrou que a Avic I já tem um projeto bem adiantado para o segmento de jatos de 70 lugares, um nicho em que a Embraer atua.
Sampaio avaliou que a Embraer está muito bem posicionada no mercado de jatos de 70 a 120 lugares, mas ressaltou que esse cenário deve mudar com a entrada de novos concorrentes nos próximos anos. "O aumento do número de fabricantes desse tipo de avião terá uma conseqüência certa, a redução dar margens de lucro dos fabricantes, avalia Sampaio", disse.
Além dos chineses, outras empresas também estão investindo nesse segmento, como a russa Sukhoi, o consórcio japonês formado pela Mitsubishi, Kawasaki e Mitsui Heavy Industry, além da Bombardier, que também desenvolve um jato para esse nicho. A nova empresa chinesa também tem planos de atuar no segmento de jatos acima de 150 lugares, onde atuam hoje Airbus e Boeing.
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