Exportação de mísseis mostra novas metas do Plano de Defesa

Governo quer incentivar a venda de equipamentos militares brasileiros

Fonte: Estado de São Paulo - Roberto Godoy

A exportação de um lote de 100 sofisticados mísseis anti-radiação da Mectron Engenharia, de São José dos Campos, para a Força aérea do Paquistão vale R$ 255 milhões. Em euros, conforme o contrato fechado há oito meses, no dia 23 de abril, são 85 milhões. O pacote inclui o suporte técnico, documentação e treinamento de pessoal. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a operação seguiu o procedimento que o Plano de Defesa pretende para facilitar a venda internacional de equipamentos militares brasileiros. O programa será apresentado na próxima semana, em Brasília.

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a concessão de garantias da União. Jobim revelou que o BNDES tem participação na Mectron, “criada por cinco engenheiros formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA”. A empresa não comenta o assunto. A Mectron produz o míssil Piranha, ar-ar de curto alcance, e desenvolveu um avançado software de logística. Também está desenvolvendo mísseis terra-ar. É a corporação privada parceira da Denel Aerospace, da África do Sul, no programa binacional de produção de um novo missil de combate aéreo, o Darter.

A linha de montagem da companhia tem capacidade para fabricar um míssil completo a cada 30 dias. Com os recursos da venda venda para o Paquistão a cadência vai chegar a cinco unidades - “e a pesquisa será acelerada na mesma proporção”, garante o ministro Jobim.

MAR-1 em testes no AMX

O clube dos fornecedores internacionais de mísseis anti-radiação é restrito, integrado pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Israel, Rússia e China. A Índia, a Itália , o Irã e a Ucrânia mantém projetos próprios em várias fases.

“Mais que uma arma destinada a destruir estações de radar, o míssil dessa classe é um notável agente de detecção eletrônica - ele procura seu alvo pela emissão de sinais”, explica o engenheiro aeronáutico Carlos Eduardo Pires, consultor da empresa européia Euromissile.


O modelo brasileiro, da Mectron, chamado MAR-1, foi especificado pela Força aérea para ser lançado pelo caça-bombardeiro AMX, subsônico, e pelo supersônico de combate F-5M.

Desenvolvido ao longo de 10 anos, teria especificações equivalentes ao do Harm, americano.

Com peso na faixa de 350 kg e comprimento de 4,2 metros, leva uma ogiva explosiva de aproximadamente 50 quilos. A primeira versão testada tinha alcance no limite de 25 a 30 km, disparado na altitude de 33 mil pés, cerca de 10 mil metros.

O MAR-1 deve operar em três modos: contra objetivo localizado previamente, bombardeando um sistema de radar que seu sensor de bordo localiza durante o vôo, ou destruindo o conjunto emissor de ondas de radiação que ameace a aeronave portadora do míssil.