Presidente da OGMA, Eduardo Bonini, reconhece que a empresa não está imune à crise financeira.
Presidente da OGMA, Eduardo Bonini, reconhece que a empresa não está imune à crise financeira.

Força Aérea Portuguesa deve 3,3 milhões à OGMA
Empresa já recorreu aos bancos para pagar ordenados


Fonte: Correio da Manhã

A Força Aérea deve cerca de 3,3 milhões de euros à OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal pela manutenção e reparação de aeronaves. Esta será apenas uma das dívidas à OGMA, que por falta de pagamentos teve de pedir empréstimos à banca para "manter os seus compromissos e para ter os salários pagos em dia", de acordo com um comunicado aos trabalhadores.

A empresa, que é detida pela brasileira Embraer e pela portuguesa Empordef (35%), admite a situação mas recusa quantificar o valor das dívidas dos seus clientes. Contactada pelo CM, a Força Aérea portuguesa reconheceu ter uma dívida de cerca de 3,3 milhões de euros por trabalhos de manutenção e reparação de aeronaves e componentes, mas negou qualquer atraso.

"Esta situação é perfeitamente normal, não configurando nenhuma situação de atraso, porquanto decorre do processamento administrativo da facturação emitida pela OGMA à Força Aérea após a realização de cada trabalho", afirma a Força Aérea. O Ministério da Defesa, responsável pela manutenção dos F16, recusou comentar.

Segundo apurou o CM, estão ainda em causa dívidas da Força Aérea francesa. Mas a agravar a situação da OGMA acrescem também dificuldades decorrentes da crise económica e o "cancelamento de encomendas".

Em comunicado enviado aos trabalhadores, o presidente da OGMA, Eduardo Bonini, recordou que "já começaram a aparecer sinais preocupantes de mudanças, com revisões em baixa dos pedidos colocados na OGMA". Eduardo Bonini reconhece, que a Indústria Aeronáutica e a OGMA "não estão imunes à crise" e que o Plano de Acção a cinco anos, concluído há apenas um mês, foi feito "num cenário externo e uma procura de produtos e serviços que agora já não são verdadeiros".

Para "ultrapassar este momento muito difícil", Bonini pediu o "empenho e dedicação" dos trabalhadores.

43 MILHÕES PARA MANUTENÇÃO DA FROTA AÉREA

O Governo contratou – por ajuste directo – a empresa OGMA para fazer a manutenção e reparação das aeronaves da Força Aérea durante três anos, por 43 milhões de euros (mais IVA). A decisão foi publicada no Diário da República em Fevereiro deste ano e foi justificada, segundo o diploma, por a OGMA se tratar de uma empresa com os recursos humanos e técnicos necessários para assegurar a manutenção da frota aérea portuguesa, experiência "adquirida ao longo de décadas". Dias antes de ser publicado o diploma, o Falcon da Força Aérea que transportava o Presidente da República para Chipre sofreu uma avaria técnica e atrasou em duas horas a chegada de Cavaco Silva.

DETALHES

AERONAVES

A OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal – faz a manutenção, entre outras aeronaves, dos F-16, dos helicópteros da Força Aérea Portuguesa e dos aviões militares de carga C130.

CONTRATO COM FRANÇA

A OGMA anunciou em Setembro um novo contrato de gestão de frota da Força Aérea francesa, para a manutenção de 14 aeronaves C130, por um período de dez anos.

MANUTENÇÃO

OGMA é um centro de manutenção autorizado para os produtos de diversos fabricantes, nomeadamente a Lockheed Martin, a Rolls-Royce e a Turbomeca.