"Operação de guerra" coleta imagens de desmatamento na Amazônia
Desmatamento - Aviões de reconhecimento da Aeronáutica mediram devastação. Em 450 horas de voo eles sobrevoaram área de dois Paraguais.
Iberê Thenório - Do Globo Amazônia, em São Paulo
Três aviões de reconhecimento R-99B, produzidos pela Embraer, usaram radares para mapear municípios mais desmatados. (Foto: FAB/Divulgação)
Nas comunidades sobre a Amazônia na rede social Orkut, o uso das forças armadas para proteger a floresta é o assunto mais discutido pelos internautas. A maior parte das pessoas defende que o governo brasileiro deveria usar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica a serviço da preservação ambiental.
“As Forças Armadas ajudariam muito a frear o desmatamento na Amazônia, até porque eles já fazem treinamentos lá”, defende o internauta Renato Monteiro em debate no Orkut. Já para Nei Duclós, somente usar o poderio militar não ajudaria o meio ambiente: “Forças Armadas não podem ser o foco da defesa. O que nos defenderia na Amazônia seriam políticas públicas focadas na população que existe marginalizada lá.”
Mapa mostra rio em Vila Rica (MT). Além de servir para conter desmatamento, levantamento realizado pelo Sipam pode ajudar prefeitos a conhecerem melhor suas cidades. (Foto: Sipam/Divulgação)
A geração de mapas dos municípios utilizando pilotos e tecnologia da Aeronáutica atende aos anseios dos dois internautas. Além de servir para mostrar as áreas de floresta mais ameaçadas, os mapas também ajudarão os prefeitos a planejar ações para melhorar a infraestrutura dos municípios, como a construção de estradas.
Área de dois Paraguais
Não foi tarefa das mais simples obter os dados dos municípios mais ameaçados. A área total mapeada foi de cerca de 800 mil quilômetros quadrados, o equivalente a duas vezes o Paraguai. “Nunca havíamos feito uma missão em alta definição em uma área tão extensa”, relata Wougran Soares Galvão, diretor de Produtos do Censipam, órgão que gerencia o Sipam.
Toda a região foi sobrevoada com aeronaves R-99B, fabricada pela Embraer e especializada em missões de reconhecimento e vigilância. Pilotos da Força Aérea Brasileira completaram 450 horas de voo para cobrir toda a região. “O custo do projeto, só calculando o gasto das aeronaves e coleta de dados, foi de R$ 3,7 milhões”, conta Galvão.
O sinal dos radares foi armazenado em fitas, que foram enviadas para um centro do Sipam em Manaus. Lá, um software desenvolvido pela Aeronáutica processou os dados, que foram transformados em mapas de alta resolução, que mostram em detalhes todas as características dos municípios, como estradas, plantações, rios e florestas.
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