Correio Brasiliense
Brasil e Colômbia defenderão na Cúpula das Américas, no fim de semana, que Cuba seja convidada a participar de mais esse fórum do sistema interamericano, depois de ter sido incluída ao Grupo do Rio (que agora reúne toda a América Latina) durante sessão extraordinária realizada em novembro na Bahia. O anúncio foi feito pelo assessor do Planalto para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, após a reunião de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega Álvaro Uribe. Garcia acrescentou que o governo brasileiro também se articula para propor a reintegração da ilha à Organização dos Estados Americanos (OEA) na próxima assembléia geral, prevista ainda para este semestre. “A proposta pode passar fácil”, arriscou o assessor presidencial. “O presidente Lula vai colocar em pauta na cúpula a aceitação de Cuba. Sua ausência é uma anomalia e esperamos que essa circunstância seja corrigida”, argumentou, para em seguida assegurar que o chefe de Estado visitante dará apoio à iniciativa. “Uribe está de acordo, porque a Colômbia mantém relações muito fluidas com Cuba”, disse Garcia.
O próprio presidente colombiano, falando à imprensa separadamente, foi menos incisivo. “O presidente Lula é um grande líder regional, nos respeitamos profundamente, mas sobre esse tema não posso antecipar nada”, esquivou-se. Uribe, que nos primeiros seis anos de mandato teve relações preferenciais com o governo de George W. Bush, depende da ajuda militar americana para combater a guerrilha esquerdista e o narcotráfico.
O montante dos recursos já foi reduzido para 2009, em razão da crise, mas tanto Barack Obama quanto a secretária de Estado Hillary Clinton afirmaram repetidas vezes que aumentarão as exigências à Colômbia em matéria de respeito aos direitos humanos, particularmente no que diz respeito ao assassinato recorrente de sindicalistas. Conflito armado Reservadamente, fontes diplomáticas e analistas destacaram entre os temas de conversa entre Lula e Uribe os acordos firmados em 2008 sobre controle de fronteiras, um dos focos da nova estratégia que o governo colombiano delineia para um “assalto final” às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A guerrilha, porém, também tem planos de levar o conflito colombiano para a Cúpula das Américas — para se contrapor à ofensiva diplomática do governo de Bogotá, que na véspera comemorou uma declaração do presidente venezuelano, Hugo Chávez, pedindo às Farc que aceitem a proposta de Uribe e declarem um cessar-fogo, como prelúdio a um processo de paz. Em comunicado divulgado ontem, o secretariado (alto comando político-militar) da guerrilha pede que eles ajudem na busca de uma solução pacífica para “o conflito social e armado que flagela a Colômbia”. Em vez do cessar-fogo, propõem como ponto de partida para negociações um acordo humanitário para troca de guerrilheiros presos por duas dezenas de militares que mantêm em cativeiro, a maioria há cerca de 10 anos.
Em conversa com Obama, Lula defende mudança na relação entre EUA e América Latina
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, nesta quinta-feira, em conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, insistiu que aquele país tem de mudar a sua política em relação à América Latina. Lula e Obama conversaram por cerca de 20 minutos, no final da manhã desta quinta-feira, sobre a Cúpula das Américas, que se realiza neste final de semana, em Trinidad e Tobago. - A minha preocupação - e eu disse para o Obama no encontro em Washington, no G-20 e hoje no telefonema e vou dizer amanhã - é que é preciso que haja uma mudança na visão que os Estados Unidos têm da política latino-americana. Nós não temos mais guerra fria, nós não temos mais luta armada - só existe um grupo que defende a luta armada que é a Farc - e todos aqueles que na década de 70/80 defendiam a luta armada estão no poder ou estão disputando pela via democrática. Os Estados Unidos precisam ter para a América Latina um olhar pensando no desenvolvimento tecnológico, na parceria e na contribuição. Eu acho que e isso vamos construir porque Obama tem todas as possibilidades de fazer uma inversão política entre Estados Unidos e América Latina - afirmou.
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