Foto mostra o avião Airbus A330-200, matrícula F-GZCP, que desapareceu nesta segunda-feira (1) sobre o Oceano Atlântico, estacionado no aeroporto George Bush, em Houston, no estado americano do Texas. (Foto: AP)
Mensagem indica quebra do leme do Airbus-330 da Air France
Fonte: UOL IGOR GIELOW - secretário de redação da Folha de S.Paulo, em Brasília
ALAN GRIPP - da Folha de S.Paulo, em Brasília
Uma mensagem automática enviada pelo Airbus-330 da Air France que caiu no mar domingo mostra que o leme do avião, peça aerodinâmica essencial para o voo, quebrou. A mensagem ocorreu no primeiro dos quatro minutos finais do AF 447, em que foram emitidos 24 alertas, indicando que um problema estrutural pode ter desencadeado o acidente com o avião que levava 228 pessoas. A mensagem está nos alertas do voo que a TV France 2 divulgou anteontem, sem contestação da Air France ou das autoridades francesas --a quebra não foi identificada pela rede. A Folha ouviu dois pilotos de Airbus e ambos foram assertivos sobre o potencial catastrófico do evento, suspeitando que ele foi provocado por alguma rajada violentíssima de vento. Às 23h10, a primeira mensagem informa que há um CTL RUD TRV LIM FAULT. Traduzindo tecnicamente: falha no controle de limitação do curso do leme. Em português: o computador indica que o leme excedeu o limite que poderia mexer, ou seja, quebrou. O leme é a parte móvel do estabilizador, a "asa" vertical que fica na cauda do avião e é responsável por evitar guinadas aerodinâmicas. O leme permite alterações no curso do avião. Seus movimentos são limitados a 25% de inclinação no próprio eixo até 296 km/h nos Airbus. A partir dos 703 km/h, essa tolerância cai a menos de 4% devido ao potencial de dano estrutural ou de fazer uma manobra que tire o avião de controle. Quando saiu do controle de radar brasileiro, 22 minutos antes do registro do defeito, o AF 447 estava a 840 km/h. É esse limitador que o computador aponta que falhou. Pior: como não é registrado defeito nos sistemas que controlam os motores elétricos que mexem o leme, os FAC, há a possibilidade de o estabilizador ter sido arrancado. Nesse caso, o controle de um avião a 10,7 km de altura e a 840 km/h é quase impossível. "Certamente houve algum dano estrutural à aeronave. Se ele foi pequeno ou grande, ainda não é possível afirmar. Mas é uma informação extremamente importante", diz o engenheiro aeronáutico Adalberto Febeliano, ex-vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral e atualmente diretor da Azul. Se o leme ou até o estabilizador quebraram, fica a dúvida: teria a tempestade sido tão violenta ou havia algum problema prévio em sua estrutura, que é das mais frágeis no avião? Há sempre a hipótese de o computador ter falhado e informado incorretamente o defeito. O computador do A330 já havia causado quase-tragédias ano passado na Austrália por leitura incorreta de dados. As mensagens seguintes já haviam sido exploradas. No momento em que o defeito no leme é apontado, o piloto automático e o acelerador automático do avião são desligados. O sistema fly-by-wire, que evita que o piloto faça manobras muito perigosas, retira três das suas cinco salvaguardas. Em outras palavras, o avião vai para a mão do piloto. Como disse um dos pilotos de Airbus ouvidos, a partir daí é "desespero" em um espaço muito curto de tempo, o que explicaria a falta de pedido de socorro. O BEA (birô de investigação e análise), agência francesa que apura acidentes aéreos, dará entrevista hoje sobre o caso. Até aqui, só admitiu que havia tempo ruim na rota do AF 447 e que houve sinais divergentes nas medições de velocidade. Isso está explicitado na mensagem das 23h12 que indicou incoerência no ADR, um dos três computadores que recolhem dados de velocidade, altitude e velocidade vertical (se o avião sobe, desce ou está alinhado). Isso levou à especulação corrente de que um sensor externo do Airbus da Air France teria congelado. Já houve acidente com Airbus devido a problemas no leme. Em 2001, depois de perder o equipamento, aparentemente em razão de movimentos bruscos causados por turbulências, um A300 da American Airlines caiu sobre o bairro do Queens, em Nova York, matando 255 pessoas.
Airbus da Air France emitiu 24 mensagens antes de desaparecer
Informação foi repassada em entrevista coletiva na França. Buscas entram no sexto dia.
Do G1, em São PauloInformação foi repassada em entrevista coletiva na França. Buscas entram no sexto dia.
O Airbus A330 da Air France que desapareceu na madrugada de segunda-feira quando fazia a rota Rio-Paris emitiu 24 sinais de anomalias em seus sistemas durante quatro minutos antes de sua saída da zona de monitoramento do radar do Rio de Janeiro, informaram neste sábado (6) os investigadores franceses em entrevista coletiva. Embora por enquanto ainda não seja possível estabelecer a causa destes problemas, os investigadores declaram que, no dia do ocorrido, as condições meteorológicas não eram "particularmente excepcionais". A hipótese de bomba a bordo não foi "excluída 100%", mas o diretor do escritório francês de investigação e análise, Paul-Louis Arslanian, disse que não é o mais provável com os elementos que se tem até agora. Segundo Arslanian, os sinais enviados pela aeronave mostram que o piloto automático não estava ligado, mas não está claro se ele foi desligado pelos pilotos ou pararam de funcionar pois receberam informações contraditórias de velocidades. As 14 primeiras mensagens foram transmitidas no primeiro minuto.
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