BRASIL É O 'ARTICULADOR' DA AMERICA DO SUL,
DIZ EMBAIXADOR COLOMBIANO
Fonte: ANSA
O embaixador colombiano no Brasil, Tony Jozame, afirmou em entrevista à ANSA que o Brasil ocupa o papel de "articulador" na América do Sul, ressaltando a importância das relações econômicas entre ambos países.
"O Brasil é um país muito importante, que está cumprindo o papel que lhe corresponde, como eixo articulador na América do Sul e em toda a América", disse Jozame em entrevista exclusiva, concedida na sede da missão diplomática colombiana em Brasília, O embaixador ressaltou a amizade e a confiança políticas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Álvaro Uribe (da Colômbia) e considerou que as relações bilaterais atravessam um dos melhores momentos de sua história.
Jozame mencionou também os "novos passos" em direção ao "aprofundamento" dos acordos "em matéria comercial e de investimentos", fazendo referência ao encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e Uribe, ocorrido no início do mês.
O comércio bilateral chegou a US$ 3,124 bilhões em 2008, 53% a mais do que o registrado em 2006, com superávit de pouco menos de US$ 1 bilhão para o Brasil. Segundo o embaixador, a Colômbia "tem interesse em reduzir o déficit comercial, mas é compreensível ter déficit com um país do tamanho do Brasil".
Para ele, é crucial que os fluxos de investimentos brasileiros -- que chegaram a US$ 1 bilhão nos últimos anos, através de empresas como a Vale do Rio Doce e a Gerdau -- continuem crescendo.
Jozame recordou ainda que construtoras brasileiras estão participando na construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Porce III, situada a 147 quilômetros de Medellín e que terá capacidade de geração de 660 MW a partir de 2010.
Nessa linha, o diplomata falou sobre o interesse do governo colombiano em contar com a participação das "muito reconhecidas e competentes construtoras brasileiras" na licitação de grandes obras de infraestrutura como a Ferrovia del Carare, um dos ambiciosos projetos de infraestrutura de Uribe, que ligará o centro do país ao Caribe.
Em julho, o embaixador acompanhará uma missão empresarial brasileira que irá à Colômbia. Sobre as declarações de Amorim, que nesta semana reiterou o apoio brasileiro a eventuais libertações de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Jozame afirmou que este não é um tema de sua "competência", mas sim do presidente do país.
Em declarações ao jornal colombiano El Tiempo, Amorim afirmou que o Brasil poderá ajudar novamente em uma operação de libertação de reféns, "sem nenhuma intenção política, em uma operação puramente humanitária".
Em fevereiro passado, a Força Aérea Brasileira (FAB) emprestou dois helicópteros ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), entidade designada pelo governo de Bogotá para coordenar a libertação de seis reféns da guerrilha, e ajudou na estratégia logística.
"Deve-se esperar o momento, cada momento tem suas características, não posso opinar sobre isso, mas ninguém pode descartar" a colaboração do Brasil, afirmou o embaixador colombiano.
Durante a entrevista, Jozame destacou ainda a alta confiança militar existente entre ambos países.
Sobre a coordenação das Forças Armadas dos dois países, iniciada em julho de 2008, após Lula e Uribe assinarem -- na cidade colombiana de Leticia -- um acordo de segurança fronteiriça, o representante diplomático afirmou que esta "avança muito bem".
"Há muito entendimento e coordenação entre as forças que estão trabalhando ali na luta contra o crime", afirmou.
Jozame falou também sobre a possibilidade de cooperação militar na troca de informações obtidas via satélite a até 50 quilômetros de cada lado da fronteira. Brasil e Colômbia dividem uma fronteira de 1.600 quilômetros de extensão. A linha-limite percorre 808,9 quilômetros por rios e canais, 612,1 quilômetros por linhas convencionais e mais 223,2 quilômetros por divisor de águas.
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