Chávez avalia relações com Colômbia por bases norte-americanas

Reuters/Brasil Online - Via O Globo - Por Enrique Andrés Pretel

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, começou a analisar as relações com a Colômbia por considerar que uma maior presença militar norte-americana no país vizinho representa uma ameaça para seu projeto socialista.

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, defende o incremento da cooperação militar com Washington para fortalecer o combate ao narcotráfico e a guerrilhas, uma decisão criticada pelo grupo de países de esquerda que Caracas lidera na região.

"As tropas norte-americanas na Colômbia fazem o que querem e são uma ameaça para a Venezuela. Por isso, nós lamentamos esta situação, mas nos vemos obrigados a revisar as relações com a Colômbia", disse Chávez na segunda-feira à noite em um programa de televisão estatal.

O presidente, que afirma liderar uma revolução socialista e antiimperialista no país petroleiro, acusou o governo colombiano de permitir a instalação de novas bases norte-americanas. Uribe, no entanto, tem assegurado que o acordo contempla somente o uso de bases nacionais.

Chávez criticou em diversas ocasiões a estreita relação da Colômbia com os Estados Unidos, seus dois principais parceiros comerciais, apesar da posse de Barack Obama este ano ter relaxado as tensões com o país que considera seu inimigo ideológico.

Contudo, o líder venezuelano retomou suas críticas à Casa Branca por considerar que os Estados Unidos permitiram o golpe de Estado contra seu aliado hondurenho, o presidente deposto Manuel Zelaya.

"Eles (Estados Unidos) estão abrindo as portas a quem nos ataca permanentemente ... e a quem tem derrotado governos e a quem está apoiando o golpe em Honduras", disse Chávez, que frequentemente acusa Washington de estar por trás do golpe contra seu governo, que o deixou por algumas horas fora do poder em 2002.

Os EUA condenaram o golpe e ameaçaram suspender a ajuda econômica ao empobrecido país centro-americano se o governo de facto se negar a restituir o presidente deposto, como exigem a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU).


Atuais bases militares americanas na America Latina

EQUADOR QUESTIONA NOVO ACORDO MILITAR ENTRE COLÔMBIA E EUA

Fonte: ANSA

O governo equatoriano manifestou hoje preocupação ante um possível novo acordo militar entre Estados Unidos e Colômbia, que cederia três bases em seu território para operações de agentes norte-americanos.

"É uma decisão complicada, e não podemos deixar de observá-la com muita atenção. Com todo o respeito ao Direito Internacional, está em jogo a estabilidade da região", disse o ministro da Segurança, Miguel Carvajal.


Desde o bombardeio realizado pela Aeronáutica colombiana no território do país vizinho em 1º de março de 2008, quando 26 pessoas morreram em um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Quito e Bogotá mantêm relações diplomáticas rompidas.


Nas últimas semanas, a Colômbia passou a negociar com os Estados Unidos a ampliação do convênio militar mantido por ambos os países. As conversas incluem um acordo que permitiria às forças norte-americanas usar as bases colombianas de Malambo, Palanquero e Apiay.


A parceria, com vigência de dez anos, ocasionaria também o aumento de oficiais de Washington no país e um plano de investimentos de até US$ 5 bilhões.

Sua discussão coincide com a decisão tomada pelo Equador de não renovar o contrato mediante o qual o país cedia a base de Manta aos Estados Unidos. O local será desativado a partir de setembro.

Ao se referir ao ex-ministro da Justiça colombiano Juan Manuel Santos, de quem teria partido a ordem para o bombardeio no Equador, Carvajal afirmou que "tendo este tipo de personagens, a instalação de bases militares dos Estados Unidos na Colômbia não deixa de ser preocupante".


Ontem, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que pretende revisar suas relações com Bogotá caso o acordo com Washington se concretize.


Em Quito, a Justiça Eleitoral garantiu hoje que poderá investigar todas as doações feitas para a campanha que levou Rafael Correa à presidência, em 2006, caso seja apresentado um pedido oficial neste sentido.


O objetivo é identificar possíveis aportes das Farc, informação revelada em um vídeo divulgado na última sexta-feira por autoridades colombianas. Na gravação, o líder militar da guerrilha, Jorge Briceño, admite que o grupo colaborou com a campanha de Correa.


"Podemos atuar sempre e quando for apresentado um recurso de revisão, com as provas necessárias", explicou o presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Omar Simon.


O funcionário ressaltou, entretanto, que se forem identificadas doações das Farc, o responsável pelo fato seria o tesoureiro da campanha, e não o presidente. "O candidato não administra os fundos da campanha. Quem faz isso é o tesoureiro", indicou.


Para Bogotá, o vídeo seria uma clara evidência de que o governo de Rafael Correa mantém vínculos com as Farc.