Lula vai expor acordo com França na Unasul
Amorim manda recado a Uribe sobre parceria militar
Denise Chrispim Marin - Estado de São Paulo
Amorim manda recado a Uribe sobre parceria militar
Denise Chrispim Marin - Estado de São Paulo
O Brasil defende que seu acordo militar com a França não tem semelhança com o compromisso fechado entre a Colômbia e os Estados Unidos, que prevê a presença de forças americanas em sete bases colombianas por dez anos. Com esse argumento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá rebater possíveis críticas do presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, durante o debate aberto sobre todos os temas de segurança da América do Sul que ocorrerá na sexta-feira em Bariloche, Argentina, durante a reunião extraordinária de cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul).
"Não há nenhum problema de se discutir o acordo Brasil e França. Se ele (Uribe) tem o desejo de saber, então, ele vai saber porque não temos nada a esconder", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao final de encontro com o chanceler do Equador, Falder Falconí.
Em encontro com Lula, no início do mês, Uribe detalhou o acordo EUA-Colômbia e assegurou que, se fosse convocado pela Unasul para defendê-lo, exigiria explicações sobre o compromisso na área de defesa firmado entre o Brasil e a França, em dezembro de 2008, e sobre a cooperação militar entre a Venezuela e o Irã. No encontro da Unasul em Quito, em 10 de agosto, os líderes presentes concordaram com a agenda aberta da reunião de Bariloche, que abarcaria também o combate ao tráfico de drogas e de armas - temas que permitem o reforço das acusações do governo colombiano de que a Venezuela e o Equador apoiam os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas Uribe não estava presente.
Ontem, no Itamaraty, esse compromisso foi reafirmado por Falconí. Como meio de tranquilizar a Colômbia sobre a orientação não-acusatória desse encontro, o chanceler equatoriano ressaltou que "ninguém se sentará no banco dos réus". "Não há nenhum tema vetado", afirmou Falconí.
O próprio Amorim considerou necessário que nenhum tópico seja varrido para "debaixo do tapete". Entretanto, indicou que o acordo EUA-Colômbia deva estar no centro das discussões da Unasul, neste momento, porque a "presença de uma força estrangeira na América do Sul pode trazer, para a região, problemas que não são seus". Conforme assinalou, essa é a principal preocupação do Brasil. O tema poderá ser discutido novamente em uma reunião da Unasul com o presidente dos EUA, Barack Obama, que foi convidado por Lula. Ainda não há resposta de Washington.
Segundo o chanceler, os países da Unasul não devem imaginar que, na reunião de Bariloche, será resolvido completamente o atual impasse porque não há certeza de que o governo Uribe estará preparado para fornecer "garantias jurídicas" de que as forças americanas não invadirão o território dos países vizinhos. Para Amorim, se as declarações dadas por autoridades colombianas fossem transcritas para uma nota diplomática, a Unasul já teria a garantia que exige. "Pedir garantia não é desconfiar da palavra de ninguém; é um procedimento normal nas relações internacionais", insistiu.
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