AF 447: o mistério continua

Kaiser Konrad - DEFESA@NET

Já se passaram três meses e a maior tragédia aérea acontecida no Brasil continua um mistério. Após uma duradoura e complexa operação de Busca e Salvamento realizada pelas Marinhas do Brasil e da França, com o apoio da Força Aérea Brasileira, que utilizaram os mais modernos sistemas eletrônicos, satélites, aviões, navios e submarinos, somente 50 corpos e algumas partes da fuselagem conseguiram ser resgatados.

O Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão oficial francês que ficou responsável por investigar as causas do acidente ainda não tem uma previsão para a conclusão do processo. Num relatório preliminar, a BEA disse que o Airbus A-330 não explodiu no ar, mas se chocou inteiro com a água.

Além de apontar a falha nos sensores de velocidade, o órgão francês apresentou como fato as mensagens automáticas enviadas pela própria aeronave que informavam pane elétrica e despressurização da cabine. O que está por trás do grande mistério do AF 447? Nesta semana a FAA determinou a substituição dos sensores de velocidade fabricados pela Thales que eram do mesmo modelo instalado no A-330 da Air France que caiu no Atlântico. Esses novos sensores deverão equipar a frota de aeronaves que opera nos Estados Unidos e serão fabricados pela empresa americana Goodrich. Esta medida deverá ser seguida por companhias aéreas do mundo todo.

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Serão as possíveis falhas técnicas do Airbus e dos sensores fabricados pela Thales e que afetariam a indústria aeronáutica européia, ou são outros assuntos tratados no mais absoluto sigilo pelos órgãos de inteligência?

Menos de 24h após o acidente Defesanet emitiu um alerta sobre a possibilidade de um atentado terrorista. Posteriormente, uma fonte da Agência Brasileira de Inteligência afirmou que havia indícios de um atentado. Logo após a publicação da reportagem, a assessoria de comunicação da ABIN emitiu uma nota à imprensa afirmando que não partiu dela tal informação e que não possuía dados que apontassem qualquer ligação com terrorismo. Enquanto a ABIN se preocupava em dizer que não sabia de nada, o serviço secreto francês investigava a identidade de todos os passageiros e suspeitava que dois deles eram extremistas islâmicos inimigos da França. Oficialmente as identidades foram dadas como homônimas, uma trágica semelhança. Depois disso o assunto saiu da imprensa, sem jamais ter sido excluída a hipótese de terrorismo.

Duas semanas depois, durante reunião dos chefes de serviços de inteligência de 60 países, na Rússia, o Diretor da ABIN Wilson Roberto Trezza disse a agência RIA Novosti que "nós estamos avaliando amplamente todas as circunstâncias que envolveram o acidente. Os serviços de inteligência de muitos países têm mantido contatos conosco. Nós estamos investigando todas as causas possíveis do acidente, incluindo um ataque terrorista, embora atualmente não termos nenhum indício que embase a possibilidade de um ataque terrorista ao avião."

Nesta semana, o jornal suíço Basler Zeitung lançou mais dúvida sobre o assunto, ao corroborar que para a França um atentado terrorista nunca foi excluído, mas que antes do acidente advertências poderiam ter sido recebidas do Oriente Médio. Mais idéias de conspiração ou informações privilegiadas vindas do serviço secreto alemão? A única coisa que se sabe, é que a verdade continua escondida em algum lugar nas profundezas do oceano Atlântico.


Foto mostra o avião Airbus A330-200, matrícula F-GZCP, que desapareceu sobre o Oceano Atlântico, estacionado no aeroporto George Bush, em Houston, no estado americano do Texas. (Foto: AP)

Pilotos da Air France vão treinar com simulação do voo 447

Treinamento servirá para verificar na prática procedimentos de emergência.

Da BBC - G1

Os pilotos da Air France vão passar a realizar, a partir deste mês, uma sessão de treinamento especial que simula as circunstâncias conhecidas do acidente com o voo 447 da Air France.

O avião, que caiu no dia 31 de maio no Oceano Atlântico, registrou problemas nos sensores de velocidade, segundo conclusões preliminares das investigações.

Foto: Editoria de Arte/G1

Veja a área onde ocorrem as buscas por destroços e corpos (Foto: Editoria de Arte/G1)

O treinamento, com um simulador, servirá para verificar na prática os procedimentos de emergência que devem ser realizados no caso de problemas nos sensores de velocidade do avião, afirma Erick Derivry, porta-voz do Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha (SNPL) da Air France, que representa cerca de 70% da categoria na companhia aérea.

"A sessão especial vai reproduzir as condições de perda das velocidades medidas pelos sensores em alta altitude, uma situação do que a tripulação do voo AF 447 teve de enfrentar", diz Derivry.

"Esse treinamento dos pilotos é uma reivindicação forte do sindicato para que eles possam aumentar sua capacidade de reação diante do problema de perda das informações de velocidade do avião", afirma o porta-voz do sindicato.

Em um relatório preliminar divulgado no início de julho, o BEA, o órgão francês que investiga as causas do acidente com o voo 447 da Air France, afirmou que as falhas nos sensores de velocidade do Airbus A330 "seriam um dos elementos, mas não a causa do acidente".

Investigação

Na segunda-feira, o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian, declarou que "nada, até o momento, permite explicar o acidente" e que as investigações poderão durar ainda até um ano e meio.

Segundo o porta-voz do SNPL, esse treinamento especial, que não estava previsto no programa normal de quatro exercícios com simuladores, deverá envolver cerca de 3 mil pilotos da Air France que voam aviões da Airbus.

No fim de julho, quase dois meses após o acidente que matou 228 pessoas, quatro outros sindicatos de pilotos da Air France enviaram uma carta ao presidente da companhia aérea ameaçando convocar uma greve se não fossem tomadas "medidas visíveis" para reforçar a política de segurança da empresa.

Entre as reivindicações, os pilotos também exigiam uma formação técnica em um simulador específico para observar, na prática, os procedimentos de emergência enfrentados pela tripulação do voo 447 da Air France.

Na segunda-feira, o BEA também anunciou que uma terceira fase de buscas das duas caixas-pretas do avião deve começar nos próximos meses.

Essa nova fase poderá ter a participação de vários outros países, segundo o órgão francês.

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Pilotos acusam Air France de encobrir causa de acidente

Para sindicato, companhia quer culpar pilotos do Airbus em vez de 'buscaram a verdade dos fatos'

Agência Estado


Os pilotos da Air France-KLM acusaram os investigadores de acidentes da companhia de tentar encobrir a causa da queda do Airbus que fazia o voo 447, do Rio de Janeiro a Paris. O avião desapareceu no dia 31 de maio e caiu na região do arquipélago de Fernando de Noronha, matando 228 pessoas. "Eles estão tentando culpar os pilotos, eles não querem a verdade", afirmou Gerard Arnoux, porta-voz do Sindicato dos Pilotos da Air France, segundo a edição desta quarta-feira, 2, do jornal britânico The Times. "A arquitetura dos sistemas da Airbus está em questão."
De acordo com o periódico, as famílias das vítimas e os sindicatos dos pilotos estão preocupados com o que consideram uma tentativa do órgão estatal Escritório de Investigação e Análise (BEA, na sigla em inglês) e da Air France-KLM de causar confusão sobre o que causou o acidente. Arnoux, comandante de Airbus, disse que o BEA está tentando esconder seu fracasso anterior em agir sobre as conhecidas falhas dos sensores de velocidade, conhecidos como tubos pitot, nos aviões da Airbus.

As famílias acusaram a Air France e o BEA de desonestidade. Christophe Guillot-Noël, que preside uma associação de familiares das vítimas, disse que o presidente da companhia aérea, Pierre-Henri Gourgeon, está reservadamente culpando os pilotos. O relatório da BEA foi influenciado por políticos, disse Guillot-Noël.

O The Times lembra que, no final de julho, a Agência Europeia de Segurança da Aviação havia ordenado a substituição dos pitots fabricados na França pelos produzidos nos Estados Unidos em todos os Airbus de longo alcance. Na segunda-feira, diz o jornal, o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian, culpou a tripulação. De acordo com a publicação, Arslanian afirmou que há décadas as tripulações vinham aprendendo a lidar com falhas nas leituras de velocidade dos aviões.

No caso do avião da Air France, "algumas destas flutuações nos dados de velocidade talvez não tenham sido suficientemente levadas em conta no treinamento dos pilotos", afirmou Arslanian, segundo o Times. O diário britânico afirma ainda que o BEA não espera chegar a uma conclusão sobre as causas do acidentes antes de 18 meses.