O hangar do Zeppelin em Santa Cruz

Fonte: Cultura Aeronautica -

Durante os anos 30, o Brasil era um dos destinos principais da empresa Luftshiffbau Zeppelin GmbH, que implantou uma linha regular de passageiros com os dirigíveis Graff Zeppelin e Hindemburg, ligando Friedrichshaffen, na Alemanha, até o Rio de Janeiro.

Após alguns voos experimentais, a empresa resolveu construir um aeroporto para basear os dirigíveis no Rio, e escolheu uma área no bairro Santa Cruz, próximo à Baía de Sepetiba. No aeroporto, construiu um hangar para abrigar os dirigíveis.

Esse hangar foi um obra realmente incrível, visto que os dirigíveis tinham um tamanho comparável a navios, e não à qualquer aeronave vista antes ou depois. O Hindemburg, por exemplo, tinha 245 metros de comprimento por 41 metros de diâmetro máximo, comparado aos 70,5 metros de comprimento de um Boeing 747.

O hangar construído em Santa Cruz tem 274 metros de comprimento, 58 metros de altura e 58 metros de largura, acomodando com relativa facilidade qualquer um dos dirigíveis então operacionais. É orientado no sentido norte-sul. A porta sul, a principal, abre-se em toda a extensão de altura e largura do hangar, e cada lado da porta pesa 80 toneladas, sendo aberta por motores elétricos ou manualmente, por um sistema de contrapesos. O portão norte, com 28 metros de largura por 26 de altura, servia apenas como portão de ventilação e saída da torre de atracação.

Uma torre de controle foi construída no teto do hangar, tendo 61 metros de altura.
Embora a maior parte da estrutura do hangar seja de aço, o hangar sofreu pouco com a corrosão, embora esteja em uma área de atmosfera salina, pela proximidade com o mar, o que comprova a ótima qualidade do material com que foi construído.

O hangar de Santa Cruz foi, entretanto, pouco usado pelos dirigíveis, quatro vezes pelo Hindemburg e cinco vezes pelo Graf Zeppelin, devido ao fim das viagens comerciais provocada pelo acidente com o Hindemburg, em maio de 1937. Posteriormente, com o início da Segunda Guerra Mundial, o aeroporto de Santa Cruz foi expropriado de seus proprietários alemães e incorporado à Força Aérea Brasileira, tendo sido batizado com o nome de "Bartolomeu de Gusmão".
O hangar é usado pela FAB até hoje, na Base Aérea de Santa Cruz, servindo aos caças F-5E e A-1. Infelizmente não está aberto à visitação pública, mas está preservado como patrimônio histórico brasileiro desde 1998.