O parlamento polonês passou uma resolução com o objetivo de corrigir visões sobre os eventos que cercaram o início da Segunda Guerra Mundial.
“Em 17 de setembro de 1939, o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deu início a hostilidades dentro do território da República da Polônia, sem declaração formal de guerra, violando a soberania polonesa e quebrando as leis internacionais. A base para a invasão do Exército Vermelho foi o Pacto Molotov-Ribbentrop, assinado em 23 de agosto pelos representantes da URSS e Alemanha Nazista”, lê-se na resolução.
Enquanto a invasão alemã da Polônia em 1 de setembro, também sem declaração formal de guerra, nunca foi contestada pelo governo alemão como o ato de agressão que deu início à Segunda Guerra Mundial, a Rússia nunca admitiu oficialmente que a invasão soviética da Polônia duas semanas e dois dias depois foi um ato paralelo de agressão em cumplicidade com as forças nazistas. A Rússia continua dizendo que estava “liberando” e “protegendo” a população local dos alemães.
Embora os historiadores geralmente concordem que o Exército Vermelho Soviético invadiu a Polônia em 17 de setembro de 1939, protegido da hostilidade nazista pelo Pacto de Não-Agressão, as opiniões divergem bastante sobre os reais objetivos da Rússia Soviética. As autoridades russas oficialmente mantêm que sua invasão foi necessária para proteger a Rússia de uma futura invasão alemã, na qual a inteligência militar soviética da época previa que aconteceria mais cedo ou mais tarde, e mais ainda, para proteger os russos e bielo-russos étnicos que viviam na Polônia. Também dizem que o Pacto de Não-Agressão foi uma maneira de ganhar tempo para conseguir a estrutura militar necessária para mitigar a expansão dos nazistas para o leste.
O governo polonês não vê as coisas dessa maneira. Eles vêem a invasão russa como um ato hostil perpetrado com o objetivo de reocupar o território polonês. Antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia ocupou aproximadamente 82% do território polonês por 123 anos, como poder imperial estrangeiro.
“A Polônia foi vítima de dois regimes tirânicos: o Nazismo e o Comunismo. A invasão pelo Exército Vermelho abriu outro trágico capítulo na história polonesa e de toda a Europa Central e Oriental”, diz a resolução. Continua: “É longa a lista de atrocidades e desastres que tocaram as regiões orientais da Polônia e os cidadãos poloneses que lá residiam. Incluídos neste grupo estão a execução de 20.000 indefesos oficiais poloneses prisioneiros de guerra, a expulsão de centenas de milhares de cidadãos poloneses e seu internamento em condições desumanas em campos de concentração e prisões, bem como sua colocação em trabalho escravo”.
Após o fim da guerra, os soviéticos mantiveram uma força de ocupação na Polônia e impuseram um opressivo governo comunista que fechou a Polônia em sua esfera de influência por trás da infame Cortina de Ferro por 44 anos.
Apenas agora, 20 anos depois da Polônia finalmente expulsar o comunismo, é que as autoridades conseguiram arregimentar a vontade política para resolutamente proclamar que os crimes perpetrados pelo regime comunista soviético foram sim crimes de guerra, chegando às marcas do genocídio.
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