Segundo o ministro da Defesa, governo espera a conclusão de uma série de análises antes de bater o martelo
Elder Ogliari, de O Estado de S.Paulo
Elder Ogliari, de O Estado de S.Paulo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse nesta terça-feira, 24, que a compra de caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) dificilmente será definida antes do final deste ano. Segundo ele, o governo brasileiro espera a conclusão de uma série de análises antes de bater o martelo. Faltam testes sobre a capacidade operacional dos aviões, sobre a capacidade industrial do País em absorver as tecnologias e sobre o preço das aeronáves. A previsão é de que elas fiquem prontas só em dezembro. Há ainda outras etapas, como a avaliação do Ministério da Defesa, da Presidência da República e do Conselho de Defesa Nacional.
A francesa Dassault, a americana Boeing e a sueca Saab concorrem pela preferência do governo brasileiro.
"Acho complicado termos uma decisão antes do Natal", admitiu o ministro, durante entrevista em Porto Alegre, antes de viajar para Canoas e Rio Grande para acompanhar manobras da Operação Laçador, treinamento que está mobilizando 10 mil homens nos três Estados do Sul do País.
Apesar de reconhecer que "há uma opção política pela França", já manifestada inclusive pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jobim considerou que ainda faltam "elementos" para transformar essa preferência em negócio. "Temos que analisar outros aspectos, se é o tipo de tecnologia que precisamos, se o (avião) Rafale responde às condições necessárias de operacionalidade e também o custo", ressalvou o ministro.
A vantagem mais aparente do pacote francês é a "transferência irrestrita" de tecnologia, uma promessa superior à de "transferência necessária" feita pelos Estados Unidos, que, tradicionalmente, impõem embargos nesse quesito.
Críticas paraguaias
Ao falar sobre as críticas que a Operação Laçador recebeu no Paraguai, especialmente do jornal ABC Color, que chegou a tratá-la como um "simulacro de guerra" dirigida ao país, Jobim reiterou que o Brasil resolveu todas as pendências fronteiriças que tinha ainda no início do século passado e não tem qualquer pretensão expansionista.
O ministro desqualificou a preocupação por entender que ela só foi manifestada por "uma imprensa tradicional no sentido de tentar ver a atividade brasileira como se fosse ofensiva ao Paraguai". Também lembrou que o Brasil já fez enormes concessões ao vizinho sul-americano, inclusive o financiamento de uma linha de transmissão entre Itaipu e Assunção.
Sobre os gastos de R$ 10 milhões na operação, Jobim observou que o País está adquirindo uma "posição internacional crescente e ativa" e precisa ter uma capacidade dissuasória para "dizer não quando precisar dizer não".
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