Obama estuda 4 estratégias para a guerra do Afeganistão

Gilberto Scofield Jr. - O Globo

Antes de partir para sua primeira viagem oficial à Ásia, o presidente dos EUA, Barack Obama, sentou-se na quarta-feira com seus principais assessores para analisar quatro opções de estratégia para a guerra no Afeganistão, que já dura oito anos e cuja vitória só será possível, no entender do general Stanley A. McChrystal, o mais alto comandante americano no país, com o envio adicional de pelo menos 40 mil soldados, além dos 68 mil que já lutam em território afegão.

Entre as opções na mesa, ganha força uma sugestão do Pentágono de envio de uma força adicional de algo entre 30 mil e 35 mil soldados, sendo 10 mil focados no treinamento das forças afegãs nos próximos dois anos. Esta seria, segundo fontes da Casa Branca, a opção preferida do secretário de Defesa, Robert Gates, da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do chefe das Forças Armadas, almirante Mike Mullen.

Ainda assim, Obama ainda não estaria certo sobre que nível de envolvimento exigir dos governos do Afeganistão e do Paquistão na nova estratégia. Há incertezas sobre a capacidade do governo reeleito de Hamid Karzai de combater a corrupção no país, coordenar sua reconstrução, lutar contra o narcotráfico e costurar uma estável aliança com os líderes tribais que dominam determinadas regiões do país e que possuem relações mais ou menos estreitas com o talibã.

Alguns dos principais membros do governo, como o vice-presidente Joe Biden, ou o chefe de Gabinete Rahm Emanuel, acham, inclusive, que nenhuma força militar adicional deveria ser enviada ao país enquanto esta questão da governabilidade de Karzai não estiver plenamente resolvida. E como boa parte das forças talibãs - e até mesmo núcleos de treinamento da organização terrorista al-Qaeda - se espalham também em territórios do Paquistão, uma saída que não levasse o governo do presidente Asif Ali Zardari em consideração poderia enfraquecer a estratégia como um todo.
Japão e Inglaterra dispostos a engrossar fileiras

Ainda que Obama se decida por mandar 30 mil soldados (10 mil a menos do que o mínimo sugerido pelo general McChrystal), a ideia da Casa Branca não é se diferenciar muito das propostas do mais alto comandante americano no país. Fontes da Casa Branca estimam que o número de soldados de outros países no Afeganistão poderia ser elevado (o Japão já se mostrou disposto a mandar mais soldados, bem como o Reino Unido).

Uma quarta ideia foi recentemente posta na mesa pelo senador democrata John Kerry e inclui o envio de cerca de 10 mil soldados e uma estratégia mais focada no uso de aviões não tripulados e operações militares cirúrgicas. Mas membros do governo criticam a estratégia por focar em ações militares e dar menos ênfase à reconstrução do Afeganistão. Ou seja, prover desenvolvimento, educação e empregos de modo que os talibãs, especialmente os mais jovens, não se sintam atraídos pelos apelos religiosos e revolucionários das forças terroristas.