A FAB que estaria procurando convencer Lula pela escolha do Gripen NG

Escolha de avião não pode ser apenas pelo aspecto militar, diz Jobim
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, explicou nesta quarta-feira (9/12) à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados que o Brasil não pode utilizar unicamente o critério operacional de um equipamento militar para equipar as Forças Armadas. O ministro recorreu a uma comparação com a aquisição de jipes, para responder a um comentário do deputado Wilson Picler (PDT-PR), que defendia a exclusividade da Força Aérea Brasileira (FAB) na escolha dos novos aviões de caça (projeto F-X2).

O ministro, que já teve discussão semelhante com as Forças, em processos de compra de jipes, observou que no Brasil há produção de veículos desse tipo, mas que tecnologicamente não são tão capacitados quantos os Land Rovers.
“Se nós fossemos tomar uma decisão de adquirir só pelo aspecto operacional, teríamos que comprar um jipe da Grã-Bretanha; mas se nós discutirmos pela perspectiva do desenvolvimento tecnológico do país, nós podemos investir em um veículo leve nacional que não tenha capacidade técnica, para que este veículo – num período de tempo- esta empresa, possa se capacitar tecnologicamente para ter”, explicou Jobim. “Isto chama-se política industrial de defesa e política industrial de defesa quem formula é o poder civil do país, que é o poder eleito. Eu respeito sua posição, entendo, mas quem decide política industrial do país é o poder civil e não os militares”, afirmou ao deputado.


Jobim, no entanto, deixou claro que esse raciocínio só vale para os produtos que, embora inferiores, atendam os requisitos operacionais básicos necessários às forças. Caso contrário, sequer entram na avaliação. No caso do projeto FX-2, os três aviões em análise – F-18 (Estados Unidos), Gripen NG (Suécia) e Rafale (França) atendem os requisitos básicos. “Os três aviões cumprem os requisitos operacionais necessários, aí nós vamos verificar a parte correspondente à política estratégica do país”, disse Jobim em entrevista após a audiência pública.

CRITÉRIOS
Ainda aos deputados, Jobim disse que o governo espera da Força Aérea as seguintes informações: 1 – qual é a capacidade operacional da aeronave (“ Isso é assunto absolutamente da estrutura e competência da Aeronáutica”); 2- qual a pretensão das empresas de transferir tecnologia; 3- qual a pretensão das empresas em relação a capacitação nacional; 4- qual o preço. “Quem vai decidir é o governo, e não a Força Aérea, porque agora quem decide produtos de defesa é o Ministério da Defesa, o governo civil”.


Jobim disse que a decisão final sobre o F-X2 pode ficar para janeiro, tendo em vista a proximidade do fim do ano. Após receber os estudos da Aeronáutica, o ministro discutirá o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá tomar a decisão final, ouvido o Conselho de Defesa Nacional.



Comentário do Defesa BR (que concordamos plenamente!): Todos levaram um susto ontem, com o aviso de Jobim de que a decisão final ficaria para 2010. Pelo menos ele estava falando de janeiro, menos mal. Afinal, a essa altura, Brasília só pensa em festas de fim de ano e crise no DF, com mais um caso absurdo de corrupção política do alto escalão, um governador e sua quadrilha. Agora eu pergunto. Se os três aviões em análise atendem mesmo aos requisitos básicos, de que interessa ao governo querer descobrir, só a essa altura do campeonato, qual é a capacidade operacional das aeronaves? De que adiantou toda a avaliação inicial se algo tão básico não ficou claro? Por que pediram mais um extenso relatório também? Me engana que eu gosto. Mas, enfim, quem toma a decisão hoje é o governo civil. A responsabilidade fica sendo toda dele. Então, que Lula e Jobim decidam. Melhor, que comuniquem de uma vez o que já está decidido. Na minha opinião, esse tal esforço em cima do Gripen é puro lobby regado a muito dinheiro por todos os lados. Não pensem que os outros dois países são feitos de anjinhos. Não, também jogam pesado e muito mais que os suecos. Mas já deu Rafale, o que pode melhorar é uma redução de preços aqui e um melhor contrato de manutenção ali. O único jeito de não dar Rafale F3 a essa altura é cancelar toda a concorrência ou, melhor ainda, saírem dois vencedores, um para 2010 e outro para 2015, formando mais conhecimento tecnológico. Pessoalmente, eu escolheria de vez o Rafale, porque não é possível que o país não suporte os custos de parcas 36 unidades e o tempo urge. O F3 é caro? Claro, pois ele é um caça multimissão por excelência, biturbinado e recém saído do desenvolvimento. Está entre os 3 melhores da atualidade e estará por um bom tempo. O Super Hornet já passou (é um Mirage do FX-1) e o Gripen NG é, digamos, mera fumaça, e digno de um FX-3. Hoje, estamos no FX-2. Daí, decidido esse decenário FX, vamos para algo mais avançado, de 5ª Geração e nosso, mas jamais com motores americanos, que é o caso do Gripen NG. E é este aspecto estratégico, de evitar-se qualquer escolha que envolva equipamentos de origem americana, que mais importa a todos nós. E é por isso que a escolha não pode ficar nas mãos da FAB. Além do mais, o Ministério da Defesa, se veio para ficar, tem que tomar as rédeas dos “n” processos de aquisição e decidir sempre. A Índia opera caças às centenas, a França já não é uma economia tão maior que a nossa. Nenhum deles tem uma vasta Amazônia em perigo e arcam caças biturbinados. Fala-se demais, mas decide-se quase nada.