Em 29 de setembro de 2008 a SpaceX fez o 4o lançamento do Falcon 1, foguete de 27,5m 46,7 toneladas e projetado para ser 10x mais barato do que qualquer outro lançador desenvolvido por programas espaciais governamentais. O lançamento foi tecnicamente perfeito, todos os sistemas se comportaram dentro dos parâmetros previstos, e em menos de 9 minutos o segundo estágio atingiu altitude acima de 315Km (mais alto que a Estação Espacial) e velocidade de 5200m/s, suficiente para uma órbita estável.
A SpaceX foi criada por Elon Musk, um dos fundadores do PayPal, que investiu US$100 milhões no projeto.
O Falcon 1 tem a vantagem de ser reutilizável, o primeiro estágio cai de pára-quedas e é recolhido por uma equipe no mar, como os propulsores externos do Ônibus Espacial. Já há contratos da Força Aérea dos EUA e da NASA, para um número indefinido de lançamentos.
Será testado em 2009 o Falcon 9, com 54 metros e 300 toneladas, que terá capacidade de levar carga útil até a Lua. Também no projeto para teste em 2010 o Falcon 9 Heavy, de 885 toneladas. Também estão projetando a Dragon, uma cápsula espacial de carga ou transporte para até sete passageiros, que também terá seu primeiro vôo de testes em 2009
O vôo de ontem foi histórico, pois até então a órbita terrestre estava restrita a programas espaciais na casa de bilhões de dólares, bancados por governos. Agora os pequeninos (se é que ser dono da PayPal é ser pequeno, claro) entrarão no jogo. Isso resolve o problema do cachorro correndo atrás do próprio rabo que era a exploração comercial do espaço. Todo mundo sabe que há muito dinheiro lá em cima, mas era caro demais para começar. E era caro demais pra começar por ninguém ter começado.
A SpaceX quebrou o ciclo. Esperem em breve vários competidores, bons preços e quem sabe uma indústria real de turismo espacial a preços realistas.
Abaixo um vídeo com a missão completa:
O parabéns vai para a SpaceX, mas o agradecimento vai para Clarke, Asimov, Bradbury, George Lucas, Stanley Kubrick, Carl Sagan, Roddenberry e tantos outros que incutiram nessa geração de geeks o desejo pelo conhecimento, o deslumbramento diante do desconhecido e a renascença do espírito de exploração que durante séculos levou a Humanidade adiante. Ao dar a esses jovens a idéia de que poderiam ser os novos Colombos, Magalhães, Marco Polos, esses autores ajudaram a criar o próprio futuro que previram em suas obras.
A inspiração às vezes é discreta, outras é evidente, como a 2a Nave da Virgin Galactic, que levará turistas em viagens sub-orbitais. Em uma homenagem a Jornada nas Estrelas, a nave será batizada de VSS Enterprise. E não esqueçamos do ônibus espacial Enterprise, usado em testes de pouso e aproximação, no início do projeto:
O teste bem-sucedido deveria ser o terceiro lançamento, mas um problema na ativação do segundo estágio impediu que o primeiro se soltasse, condenando a missão. O bug foi resolvido alterando-se uma linha de código, onde era definido o tempo a esperar entre o desligamento do primeiro estágio e o acionamento do segundo. Coisa de 2 ou 3 segundos, no máximo.
Então, voltando a programas espaciais, temos uma empresa fundada em 2002, com pouco mais de US$100 milhões que saiu do ZERO, contratou excelentes engenheiros, projetou uma nave espacial e 5 anos depois, no 4o teste já consegue ser bem-sucedida? Se isso é uma humilhação para os programas espaciais de países grandes, imaginem pro brasileiro.
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