Dos oito aviões que já partiram, apenas três chegaram a Porto Príncipe.
Cinco voos aguardam autorização para pousar na capital haitiana.
Robson Bonin Do G1, em Brasília
Apesar de toda a agilidade da Força Aérea Brasileira (FAB) em levar assistência às vítimas do terremoto que devastou o Haiti na terça-feira (12), a precariedade do controle aéreo da capital Porto Príncipe impede que os aviões enviados pelo governo aterrissem em território haitiano. Dados do comando da FAB em Brasília mostram que apenas três das oito aeronaves brasileiras enviadas ao centro da catástrofe conseguiram pousar.
O Haiti sofre com uma das piores catástrofes de sua história. Estimativas da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) calculam entre 50 e 100 mil as mortes provocadas pelo terremoto de intensidade 7.
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O primeiro avião a chegar ao Haiti na quarta-feira (13) foi o C 130 Hércules, que levou 13 toneladas de água e alimentos.
O segundo foi o Embraer 190 que levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e trouxe o corpo da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, ao Brasil já na madrugada desta sexta-feira (15).
O terceiro e último a ter conseguido chegar a Porto Príncipe foi o KC 137 – similar ao Hércules – que pousou no país na quinta-feira (14) carregado com suprimentos médicos, água e um grupo de cinco médicos e 54 bombeiros. Essa aeronave retornou ao país com os 16 militares brasileiros feridos no tremor.
A FAB relata que três aviões C 130 Hércules carregados com hospital de campanha, suprimentos médicos e cerca de 50 militares do serviço de saúde ainda aguardam autorização no Aeroporto de Santo Domingo, capital da República Dominicana, para pousar no Haiti.
Em Boa Vista (RR), outro C 130 aguarda desde as 10h desta sexta a autorização para começar a viagem até o Haiti. Esse avião está carregado de suprimentos hospitalares para as equipes médicas brasileiras.
Mais cedo, a FAB enviou ao Haiti o último C 130 Hércules com 15 toneladas de alimentos, água e equipamentos para a construção de uma rede de comunicação via satélite na capital do país, Porto Príncipe. Neste momento, a aeronave está em vôo até Boa Vista onde também permanecerá à espera de autorização para viajar.
Inicialmente, a FAB havia divulgado o envio de seis aeronaves brasileiras ao Haiti. Esse número foi corrigido para oito. Todos os aviões partiram da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Ao todo, 140 passageiros e mais de 80 toneladas de carga foram transportadas por intermédio dos aviões da Força Aérea.
Keila Santana - Especial para o UOL Notícias
O governo brasileiro relatou aos Estados Unidos nesta sexta-feira (15) os problemas enfrentados por aviões do Brasil no aeroporto da capital do Haiti, Porto Príncipe, atingida por um forte tremor na última terça-feira. Atualmente o controle do aeroporto está sob o cuidado dos americanos.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, falou por telefone com a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton. "Eu mencionei o problema que está havendo de acesso da própria Minustah [Missão de Estabilização da ONU no Haiti] ao aeroporto e dos próprios aviões brasileiros, inclusive alguns deles levando ajuda, e que estão com dificuldades de chegar lá", relatou Amorim. A Minustah tem 12 mil pessoas em operação no país e é liderada pelo Brasil.
Segundo Amorim, Hillary reiterou que não há intenção de interferir nas ações do Brasil e das Nações Unidas no país. "Ela afirmou que as forças norte-americanas que estão lá são para fins humanitários essencialmente, e reiterou que não querem e não devem interferir com a manutenção da ordem, que é tarefa da Minustah. Mas sempre pode haver uma descoordenação."
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O ministro Celso Amorim disse que Hillary Clinton vai tomar providências para garantir que não haja impedimento ao acesso dos aviões brasileiros e afirmou que os Estados Unidos não pretendem ofuscar a liderança do Brasil na força de paz da ONU no Haiti.
"É importante ter clareza que nós estamos sendo tratados com a prioridade adequada e a secretária de Estado mais uma vez manifestou que o Brasil tem liderança nesse processo e que a nossa ajuda e nossa presença tem que ser tratada de maneira adequada. Ela manifestou preocupação com eventuais mal-entendidos que possam haver e esclareceu os objetivos das forças norte-americanas", disse.
Segundo Amorim, a secretária de Estado dos EUA concordou com a criação de uma conferência dos países doadores, sob o comando das Nações Unidas, com a participação do Brasil, Estados Unidos e Canadá, por exemplo.
"Ainda não há data. Na emergência cada um está fazendo o que pode. O importante agora é coordenar para evitar problemas no terreno, porque à vezes muita gente querendo ajudar se esbarram e atrapalha. À medida que o tempo passa vamos tratar de outros aspectos, mas estamos conversando", disse.
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