O chefe da Defesa Civil da Itália, Guido Bertolaso, reiterou neste domingo (24) suas críticas à falta de coordenação na distribuição das ajudas à população do Haiti e pediu que a Organização das Nações Unidas assuma esta função.
Em entrevista concedida hoje à imprensa italiana, Bertolaso classificou de "louváveis" as ajudas enviadas ao país, mas ratificou que situação local "é patética e poderia ter sido administrada muito melhor".
Segundo ele, as ajudas e operações não têm dado resultados positivos devido "aos graves problemas de gestão". Há "um esforço impressionante que não leva aos resultados que poderiam ser obtidos caso houvesse vontade, capacidade de coordenação e liderança", opinou.
Para Bertolaso, os haitianos já "superaram os limites que se pode suportar". "Acreditava que a situação iria se precipitar muito mais rapidamente", mas a "população haitiana é muito digna, muito paciente e muito tranquila".
"Certamente, é necessário haver uma linha de comando, um empenho maior, a começar pela ONU", complementou o italiano, que foi enviado pelo governo de Silvio Berlusconi para avaliar a atual conjuntura do país e verificar de que forma a Itália poderá contribuir.
Sobre a possibilidade de ajudar nas tarefas de coordenação, Bertolaso — que foi responsável pela coordenação dos esforços destinados à reconstrução de L'Aquila, localidade italiana destruída por um abalo sísmico em abril do último ano — respondeu negativamente. "Sou uma pessoa habituada a andar contra a corrente. Dentro das Nações Unidas deve-se ser muito conformista", considerou.
Acompanhado de uma equipe, o chefe da Defesa Civil italiana chegou na sexta-feira a Porto Príncipe, capital haitiana parcialmente destruída pelo tremor de 7 graus na escala Richter que abalou a região no último dia 12.
Além de se reunir com as autoridades locais — como o presidente René Preval — , Bertolaso também visita as estruturas que desabaram e acompanha as atividades das equipes locais e internacionais.A Itália espera a chegada de seu porta-aviões, Cavour, para determinar como irá ajudar, por meio de "alguma atividade que gere resultados concretos", segundo esclareceu ontem o italiano.
O Cavour partiu no último dia 19 e deve chegar nos próximos dias ao país caribenho. O navio, parte de uma iniciativa conjunta de Itália e Brasil, levará 800 especialistas italianos, artigos de primeira necessidade e suprimentos médicos, além de helicópteros e efetivos das Forças Armadas brasileiras.
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