Jobim veio ver tudo
Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel
Nelson Jobim, ministro da Defesa, e mais alta autoridade brasileira a visitar Israel em anos, confirmou numa conversa com correspondentes brasileiros em Jerusalém que Lula virá ao país em março.
Num encontro realizado ao chegar ao hotel de Jerusalém onde ficará hospedado, Jobim disse que veio a convite de Shimon Peres, presidente de Israel, que esteve há pouco tempo no Brasil. Destacou que a Elbit, empresa israelense instalada em Porto Alegre, está atualizando os F-5 da FAB e realizando trabalhos de atualização do Bandeirantes. “Temos muitos interesses comuns na área da defesa”, declarou.
Jobim enfatizou que o Brasil não compra meios de defesa. Toda e qualquer transação que o País faz implica na transferência de tecnologia. Todo o investimento na defesa implica em investimento no desenvolvimento nacional. E em última instância um reforço ao desempenho do setor privado.
O ministro da Defesa disse que ainda não fechou a compra de aviões não tripulados, os Vans. Mas é questão que será abordada em breve. Os Vans são os veículos apropriados para a vigilância da fronteira amazônica, como para a região do pré-sal.
E novamente frisou que o governo até pode se comprometer, mas só fechará negócios depois de se entender com a indústria nacional. Ele indicou esperar que Israel se interesse pelos Supertucanos, aviões brasileiros de combate, ou se entender com a Embraer. Tudo isto está aberto. A questão é começar.
Jobim qualifica de boas as relações com Israel. Mas que se precisa compreender que o Brasil tem a tradição de conversar com todos. O presidente Peres, de Israel, veio negociar e logo depois vieram os presidentes do Irã e da Autoridade Palestina. “O Brasil pensa que problema só se resolve ao redor de uma mesa”, disse numa observação sobre os protestos pela vinda do presidente iraniano. O ministro brasileiro lembrou que o Brasil tem o compromisso com o uso pacífico da energia nuclear.
Na agenda do ministro, está a visita as mais importantes empresas israelenses empenhadas em tecnologias relacionadas com aviação, mísseis e satélites. Mas não é da orientação do governo ficar na dependência de uma só empresa ou país. A preocupação, segundo Jobim, é com os meios mais adequados para a defesa da zona continental e da riqueza existente em 4,5 milhões de quilômetros quadrados do nosso mar territorial onde estão o pré-sal e outras riquezas. Decisão alguma será adotada sem considerar todas as suas implicações.
Jobim interrompe a entrevista para se referir a presença de secretários de segurança num seminário que está acontecendo em Israel. A Copa de 2014 está nas preocupações dele. Não se pode perder tempo no planejamento da segurança.
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