http://www.sangueverdeoliva.com.br/onu/images/LM/05/15.jpg
Nunca, em tempos de paz, o Exército do Brasil sofreu um revés como o provocado pelo terremoto no Haiti. Os 14 mortos, quatro desaparecidos e 14 feridos contabilizados pelo Exército são uma derrota histórica, para um inimigo contra o qual não há preparo bélico possível. Desde a última guerra mundial, quando o país perdeu mais de 400 militares na Itália em luta contra os nazistas, não morriam tantos pracinhas brasileiros em ação.

O prédio que matou 10 brasileiros

Fonte: Zero Hora *Colaborou Laura Schenkel

Dos 14 mortos confirmados até ontem entre os militares brasileiros no terremoto do Haiti, nada menos que 10 perderam a vida em um único local: o Ponto Forte 22 (uma espécie de posto avançado), mais popularmente conhecido como Casa Azul, em Porto Príncipe. O prédio ruiu na terça-feira, sepultando os soldados. Estive no local em abril de 2007, acompanhando as tropas brasileiras da Minustah, e me surpreendi com a quantidade de furos de bala espalhados pela construção – pintada, como o nome indica, de azul. Nos andares inferiores, uma pequena guarnição descansava. No piso superior, militares apontavam suas armas para Cité Soleil, um aglomerado de favelas à beira-mar, na época recém-pacificado. A tomada da Casa Azul pelos brasileiros, em janeiro daquele ano, foi, justamente, fundamental para pacificar Cité Soleil. Até então, o edifício de três andares era utilizado por gangues para dominar a principal estrada do país, a Rodovia Nacional 1.

– O prédio era mais alto do que os demais. De lá, as gangues disparavam contra alvos na estrada e dificultavam o trânsito das tropas – lembra o coronel Pedro Aurélio de Pessoa, comandante do Centro de Instrução de Operações de Paz Sergio Vieira de Mello.

Conquistada, a Casa Azul passou a ser uma base avançada estratégica, que abrigava em torno de 20 militares:

– Era um local que irradiava segurança para a população do entorno. Deixamos as marcas de tiros na fachada para que os habitantes não se esquecessem o motivo de estarmos lá – conta Pessoa.