Ministro também é chamado para falar sobre comissão da verdade.
Presidente da Câmara quer participar de decisão sobre caças.
Eduardo Bresciani Do G1, em Brasília
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou nesta quinta-feira (4) um convite para que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, fale sobre o processo de compras de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Acompanhando o assunto, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse esperar que o Conselho de Defesa Nacional seja convocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o tema. Além de Lula, o Conselho é formado pelos presidentes da Câmara e do Senado e pelo vice-presidente da República. “Espero ser convocado e lá no conselho nós vamos discutir”, disse Temer.
O convite a Jobim para falar no Senado se estende também a outro tema polêmico, a criação de uma comissão de verdade para debater crimes praticados durante a ditadura militar. A pedido de Jobim, foi retirado do decreto que prevê a criação de um grupo de trabalho para debater o tema o termo “repressão”.
Além do ministro da Defesa, a comissão aprovou a presença do ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) para debater o tema. Vannuchi comandou as discussões que levaram ao Programa Nacional de Direitos Humanos.
Jobim nega compra de caças
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou nesta quinta-feira (4) que o governo brasileiro tenha definido a suposta compra dos caças franceses para reaparelhar a Força Aérea Brasileira (FAB). Presente na cerimônia de apresentação do balanço de três anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Brasília, Jobim afirmou que o processo sobre as aeronaves ainda não foi concluído.
"Não está definida a compra dos caças. O procedimento ainda está no Ministério da Defesa. A notícia não tem fundamento", disse Jobim.
Reportagem publicada nesta quinta pelo jornal "Folha de S. Paulo" afirma que, depois de uma queda de quase R$ 4 bilhões no valor do pacote de 36 caças, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, optaram pela proposta francesa na negociação de novos aviões para a FAB.
Conheça os caças que participam da concorrência
Segundo a publicação, a fabricante Dassault reduziu o preço final dos caças Rafale de US$ 8,2 bilhões (R$ 15,1 bilhões) para US$ 6,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) depois de uma revisão concluída no sábado (30), quando Jobim passou por Paris na volta de uma viagem a Israel. Mesmo com a redução, diz o jornal, a proposta francesa ainda tem valor maior qua a das concorrentes (US$ 4,5 bilhões da sueca Saab e US$ 5,7 bilhões da americana Boeing).
Em setembro de 2009, Lula e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, emitiram comunicado conjunto em que anunciavam a intenção da parte do governo brasileiro de entrar em negociação para aquisição de 36 caças GIE Rafale. Os dois também assinaram acordos para o desenvolvimento compartilhado de submarinos e helicópteros.
À época, para convencer o Brasil, a França aceitou em sua oferta uma transferência tecnológica considerada sem precedentes por Paris. Apesar do comunicado, nenhuma outra proposta havia sido oficialmente excluída da concorrência.
Em janeiro de 2010, Lula disse que a escolha dos caças não é uma questão comercial comum e que leva em conta outros fatores que o custo das aeronaves. Ele disse, ainda, que mantinha-se calado sobre essa questão porque era ele quem decidiria no final.
“O único que ficou em silêncio até agora fui eu. E fiquei em silêncio porque sou eu que tenho o poder de decidir. E quem tem o poder de decidir tem mais responsabilidade, não fala o que quer, fala o que pode”, disse o presidente.
Na ocasião, Lula afirmou ainda que conversou com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pediu que ele apresentasse um relatório sobre os três aviões que disputam a concorrência para atender a Força Aérea Brasileira (FAB).
A empresa Dassault, fabricante dos caças Rafale, não confirmou a notícia divulgada na imprensa brasileira de que o presidente Lula teria escolhido o avião francês para renovação da frota da FAB.
O jornalista Roberto Godoy e o professor Gunther Rudzit discutem a compra de caças suecos, franceses ou americanos para a FAB. Eles questionam se a escolha deve ser política ou técnica e no final apoiam a escolha do Rafale
4 Comentários
Lamentável episódio esse de toda história do Programa FX-Brasileiro.
Lamentável que tenhamos chegado a esse "xêpa" de "fim-de-feira"...
Lamentável o relatório da FAB apontando para o Gripen NG, que não existe nem mesmo um protótipo e tenha uma inedequação decisiva às imprescindíveis coberturas dimensionais à costa, fronteiras e dimensões continentais de nosso território.
Lamentável a falta de percepção geopolítica, a falta de capacidade de juntar a END-Estratégia Nacional de Defesa com as notórias sabotagens as nossas aspirações de independência tecnológica, feitas até mesmo, por honrado e excelente profissional militar, vide: http://www.tijolaco.com/?p=6143
Lamentável como questões de ranço ideológico reviva e cegue aqueles que deveriam ter uma visão de muito maior espectro que a compra de um vetor que extrapola seu preço de mercadoria e aponte para uma questão de possibilidades estratégica e geopolítica...Questões como sobressalentes e componentes que nos remetam a velha situação que se quer superar e nos abra um futuro, de fato e verdade soberano...
Miguel Junior.