O atraso na modernização dos aviões C130 está a criar fortes constrangimentos à operacionalidade destes aparelhos, determinantes na projecção das forças nacionais e no cumprimento das missões humanitárias. Em causa, segundo apurou o CM, está o facto destas aeronaves da Força Aérea não possuírem o novo sistema de segurança TCAS, exigido a todos os aviões que queiram sobrevoar o espaço aéreo europeu.
Com surgimento das companhias low-cost, o tráfego aéreo na Europa aumentou significativamente nos últimos anos e para resolver a situação foi necessário reduzir a distância mínima de segurança entre os aviões. Mas, para garantir que tal é feito sem qualquer perigo, todos os aviões são obrigados, desde Janeiro, a possuir um sistema de voo incorporado (TCAS), cujo objectivo é evitar colisões entre aeronaves.
Acontece que a modernização dos C130, que incluía a incorporação deste sistema e que está prevista desde 2006 na Lei de Programação Militar (LPM), ainda não foi concretizada. O CM questionou o Ministério da Defesa e a Força Aérea, mas não obteve resposta.
Segundo apurou o CM, sem aquele sistema de segurança, os C130 são obrigados a sobrevoar o espaço europeu a uma altitude mais baixa do que seria normal. O que significa um aumento de custos com o combustível. Mais: A burocracia também aumenta, já que o Governo português é obrigado a pedir uma autorização especial aos países que a aeronave tenha de sobrevoar.
No final do ano passado, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Luís Araújo, lamentou a falta de verbas para a modernização dos aviões e sublinhou: "A modernização do C130 é essencial para Portugal. O C130 é tão necessário à Nação como o F-16".
O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, pouco tempo após tomar posse, em Novembro de 2009, garantiu que a modernização dos aviões são uma "prioridade absoluta": "Seja no quadro da actual LPM, seja na próxima revisão, essa prioridade será acautelada."
"OS AVIÕES C130 ESTÃO A VOAR COM UMA CERTA TOLERÂNCIA"
Os constrangimentos à operacionalidade dos actuais C130 são reconhecidos pelos deputados que alertam o Governo para a urgência da modernização das aeronaves. "Este é um problema que tem de ser resolvido, embora não haja nenhum perigo para o C130. Mas estão a voar com uma certa tolerância", disse Luís Campos Ferreira (PSD).
Também João Rebelo (CDS) sublinhou que, dada a importância da aeronave, por exemplo em missões humanitárias, é "urgente" a sua modernização. "É um investimento patriótico e aceitável", afirmou.
PORMENORES
CUSTOS
A modernização dos seis aviões C130 vai custar entre os 45 e os 60 milhões de euros. As aeronaves são operadas pela Esquadra 501 da Base Aérea do Montijo e entraram ao serviço há 32 anos, a 15 de Setembro de 1977.
P3 ORION
Dois aviões P3 Orion da Força Aérea estão actualmente a ser modificadas numa base dos Estados Unidos da América. As restantes três aeronaves vão ser modernizadas pela empresa OGMA entre Março de 2011 e Fevereiro de 2012.
F-16
Durante o ano passado, 10 caças F-16 foram sujeitos a modernizações, ficando dotados com as mais altas tecnologias disponíveis. Teve melhoramentos nos radares, GPS, identificador electrónico de aeronaves, entre outros.
Fonte: Correio da Manhã
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