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Estados árabes assustados com uma "Turquia democrática"
Disseminação do vírus "democracia" preocupa reis, príncipes e emires.

A Reunião de Cúpula dos ministros de Relações Exteriores dos 22 países-membros da Liga Árabe, realizada aqui, no Cairo, ocupou-se - oficialmente - da metodização das denominadas "conversações indiretas" com o Estado de Israel sobre a Palestina, as quais, "incentivadas" por Washington, planeja-se que serão iniciadas ainda neste mês.

Porém, à margem da Reunião de Cúpula, certos ministros árabes de Relações Exteriores discutiram uma questão surgida recentemente e, ao que tudo indica, incomoda certas "famílias reais" da região, segundo fontes do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos da Universidade Ahram de Cairo, um semi-estatal think tank egípcio.

Trata-se das consequências que poderão ter sobre as superconservadoras monarquias da Península Arábica as reformas e a evolução rumo à democracia essencial, as quais tenta adotar para a Turquia o primeiro-ministro turco, Retzep Tayyip Erdogan.

Informações que chegaram nas últimas semanas de Ancara, Turquia, a Riad, Arábia Saudita, e a Doha, Catar, elevaram o termômetro das preocupações que revelam, há algum tempo, figuras de destaque que desfrutam de estreitas relações com os Emirados Árabes e a Casa Real dos Saud.

"As monarquias da Península Arábica não se sentem seguras com a eventualidade de uma "Turquia democratizada"", escreveu o jornal israelense Há"aretz, resumindo informações de fontes árabes e de outras origens, enquanto, diplomatas norte-americanos que, obviamente, acompanham as evoluções de bem perto, anotam que as preocupação das casas reais da região cresce assustadoramente, porque estas têm razões de sobra para temer que o "vírus da democracia" se dissemine, também, em seus países.

Cobrança aos EUA

Alguém poderia esperar que ocorresse o oposto, isto é, que os reis, príncipes e emires da Península Arábia ficassem satisfeitos com a mudança dos equilíbrios na Turquia, onde recua a influência dos militares laicos e avança a política e a força social de um governo cujo suporte ideológico e histórico é o islamismo.

Contudo o "islamismo" de Erdogan e de seu partido no governo não têm relação alguma com o "islamismo" do príncipe Saud al Faisal, ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, o qual é considerado até um "inovador", embora, continue proibindo que as mulheres estejam em áreas públicas sem serem acompanhadas por seus irmãos, pais ou maridos.

Já fontes norte-americanas confirmam que o enviado especial do presidente Barack Obama ao Grande Oriente Médio, George Mitchel, encontrou-se há alguns dias em Riad com o super-idoso rei Abdullah, da Arábia Saudita, ocasião em que um dos três temas que discutiram - e este causou "dolorosa surpresa" a Mitchel - foi a pergunta que lhe formulou o monarca árabe sobre "aonde está indo a Turquia de Erdogan" e "se os EUA continuarão apoiando as reformas turcas"?

Em meados do mês passado, pessoa da mais absoluta confiança do príncipe Saud al Faisal viajou a Ancara e a Istambul, na Turquia, onde realizou investigações a fim de descobrir as reais pretensões do governo de Erdogan.

Não se sabe se encontrou-se com figuras do governo turco, porém, manteve "interessantíssimas conversações" com ex-diplomatas turcos, jornalistas e professores universitários, no decorrer das quais o enviado árabe não dissimulava sua preocupação.

Repressão de volta

O Governo da Arábia Saudita aguarda - com ansiedade - a visita oficial do presidente da Assembléia Nacional da Turquia, programada para a primavera próxima, a fim de ouvir "de lábios oficiais" confirmações de que uma "Turquia claramente democrática não constitui ameaça para as monarquias da Península Arábica".

Uma manifestação clara da preocupação que tirou o sono dos coroados árabes é sentida em todos os pequenos estados da Península Arábica e, principalmente, na Arábia Saudita. Já estão novamente nas ruas os homens da Mutawa, a temível polícia hierárquica que controla o comportamento público de todos e pune no local da "transgressão" com base em critérios próprios todos aqueles e todas aquelas que, segundo sua avaliação, não mantêm a moral islâmica.

A Mutawa havia sido retirada das ruas e desde o verão passado realizava apenas algumas patrulhas "pro forma" quando o rei Abdullah (que sempre mantém seu harém, para agradar o presidente Obama), conforme declarou uma fonte, permitiu certas liberdades às mulheres, como dirigirem automóveis, irem às faculdades com homens amigos e usarem sapatos com saltos altos.


Anwar Kalil - Africa News Agency/Sucursal da África do Norte.



Correntes ameaçam ortodoxos, e já travaram choques armados

Nicósia - Em Israel - país que acompanha de perto a situação - dizem que nos Emirados Árabes e na Arábia Saudita, principalmente, existem hoje duas perigosas correntes subterrâneas contra as monarquias locais.

A primeira, que cresce ininterruptamente, limita-se a reivindicar "o afastamento da dura moral do islamismo ortodoxo" e parece estar se aproximando ao regime de Kadafi, que os emires abominam.

Já a segunda, contudo, é muito mais perigosa para as monarquias da região porque - ao que tudo indica - estão envolvidos ex-militares, assim como muçulmanos de outros países do Grande Oriente Médio.

Numericamente, não é importante, mas, conta em suas alas com combatentes armados e mantém, de tempos em tempos, colaborações com "elementos terroristas", incluindo a Al Qaeda, e até já travou combates com Forças Armadas árabes e patrulhas norte-americanas.

Informações, que não são fáceis de serem confirmadas, revelam que em choques no verão passado e no outono foram mortos 22 "terroristas" nos Emirados Árabes e 14 em entreveros com o Exército da Arábia Saudita. Naturalmente, não se divulgou quantos homens do Exército foram mortos.

Serbin Argyrovitz - Sucursal do Grande Oriente Médio.


Turquia: "Revisão constitucional com juízo"

A favor de séria e necessária para a Turquia revisão constitucional, mas em condições de consenso e acordo e, principalmente, "com juízo", manifestou-se o presidente do Supremo Tribunal Constitucional da Turquia, Hasim Kilitz, considerando que o plano do Governo Erdogan para revisão da Constituição Ebren, de 1982, e a reforma do sistema jurídico agravam o já tenso clima político-institucional no país.

"Sem consenso, todas as formulações concluirão contra nós. Temo que o mesmo acontecerá, também, com as alterações de artigos da Constituição e com o plano de reforma do sistema jurídico", declarou Kilitz, considerado próximo ao governo do primeiro-ministro Erdogan. Foi vice-presidente do Tribunal Constitucional em julho de 2008, quando o partido situacionista AKP de Erdogan foi salvo da denúncia do promotor-geral, Abdulrahman Yialtsinkaya, e não foi posto fora da lei. A propósito: desde 1961, 25 partidos políticos foram postos fora da lei na Turquia.

Conciliador mostrou-se, também, o presidente da República, Abdullah Gul, conhecido como o "moderado alter ego" do primeiro-ministro Erdogan, e que convocou para consultas no Palácio Presidencial o líder da oposição, Deniz Baikal, presidente do Partido Republicano Popular (CHP).

Baikal ameaçou que, caso os planos das reformas do governo que serão apresentados no final deste mês na Assembléia Nacional sejam aprovados, seu partido recorrerá ao Tribunal Constitucional.



Possível plebiscito

Também contrário à revisão constitucional manifestou-se o Partido de Ação Nacional (MHP), de extrema-direita, cujo presidente, Devlet Bahtseli, deverá encontrar-se com o presidente da Turquia. Anotem que o primeiro-ministro Erdogan havia advertido que, se a revisão constitucional não for aprovada pela Assembléia Nacional, convocará plebiscito, deixando ainda em aberto a eventual realização de eleições antecipadas, se o Promotor-Geral voltar a ameaçar de declarar o partido AKP (do governo) fora da lei.

Na outra frente da queda-de-braço entre Governo Erdogan e generais, brigadeiros e almirantes das Forças Armadas da Turquia, dois libelos acusatórios foram apresentados contra altos oficiais da ativa.

Mas o general, Aldirai Berk, comandante do Terceiro Exército, acusado de envolvimento na conspiração "Ergenekon" contra o governo, deverá comandar um grande exercício perto da fronteira com a Armênia do qual participarão 60 mil soldados.

A realização do exercício foi considerada manifestação de apoio do chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Turquia, general Ilker Basbug, ao general Berk, do quem é amigo.

Por: Georges Pezmatzoglu -

Informações Via: Monitor Mercantil