A França sedia, a partir de amanhã, uma conferência internacional sobre o acesso à energia nuclear de uso civil, considerada uma alternativa aos combustíveis fósseis e um mercado a ser desenvolvido.
Representantes de 65 países, entre eles Brasil, China, Estados Unidos, Rússia e Israel, marcarão presença no encontro, que não terá a participação do Irã.
A conferência acontecerá na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e vai ser aberta pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy.
Já o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o japonês Yukiya Amano, conduzirá os colóquios e as mesas-redondas do evento, que vai reunir cerca de 700 pessoas em torno de debates sobre as perspectivas de desenvolvimento da energia atômica, seu financiamento e seu uso responsável.
Do encontro de dois dias, que será encerrado pelo primeiro-ministro da França, François Fillon, participarão ainda Estados que recentemente tiveram acesso a esse tipo de energia, como a Jordânia, que tem reservas de urânio, mas não de petróleo ou gás.
Fonte: G1
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A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, esteve no Brasil na semana passada para convencer nosso governo a apoiar novas sanções econômicas contra o Irã, mas não obteve êxito. Talvez porque os interesses do Brasil nesse caso não sejam os mesmos dos EUA, ou porque nossa avaliação do problema da proliferação nuclear seja diferente da americana.
Depois do Iraque e [da mentira] de suas armas de destruição em massa, o Irã se tornou "o grande problema" da política internacional, e os Estados Unidos e a Europa ameaçam esse país com novas sanções, porque estaria construindo capacidade nuclear.
Tenho dúvidas de que seja essa a motivação principal contra o Irã, dada a "lógica" [suspeita] da política internacional americana desde o 11 de Setembro, mas não vou me ater a essa questão.
A pergunta mais importante é: será que o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares é tão relevante para a paz mundial? Há um pressuposto tácito entre os bem pensantes de todo o mundo de que o tratado é fundamental para a paz, de forma que ninguém se dispõe a discuti-lo, mas é preciso fazê-lo.
Dois são seus objetivos formais: impedir que novos países se tornem capazes de produzir armas atômicas e promover o desarmamento nuclear dos países potências nucleares [além da obrigação de essas potências ajudarem os demais países no desenvolvimento de tecnologia nuclear para fins pacíficos].
FONTE: LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Globalização e Competição"
http://democraciapolitica.blogspot.com/2010/03/bresser-o-ira-e-proliferacao-nuclear.html