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Grécia aceita submarinos U214, para vender
Aceitação, é reconhecimento implícito de fraude na recusa dos navios

As objecções gregas, levantadas há aproximadamente três anos, e que foram trazidas a público pela comunicação social grega com grande aparato, podem ter sido apenas resultado de uma enorme fraude, organizada por entidades gregas e destinada a evitar o pagamento de parcelas dos custos dos submarinos U214 encomendados pela Grécia.

Esta possibilidade tem ganho cada vez mais adeptos e parece ser cada vez mais lógica, à medida que vão sendo conhecidos mais dados sobre os «reais» problemas que foram detectados no submarino grego Papanikolis.

A possibilidade de os problemas com os submarinos do tipo U214 terem sido inventados, foi considerada desde a primeira fase, no entanto, tratando-se de um submarino novo, tal eventualidade não aparecia como improvável, ainda que o numero de 400 (quatrocentas) «avarias» ou problemas encontrados pelos gregos fosse estranhamente elevado.

A possibilidade de a indústria alemã de submarinos ter de um momento para o outro «desaprendido» grande parte das suas lições, e perdido a prática de fabricar navios submarinos diesel-electricos (no país que praticamente inventou o sistema), não parecia à partida muito credível.

Essa credibilidade parece ter sido restabelecida, a partir do momento em que os gregos finalmente aceitaram que compram os submarinos e que posteriormente os vão poder vender a um eventual interessado.

Parece tornar-se evidente, face aos factos conhecidos, que uma parte muito considerável dos defeitos encontrados nos U214 gregos pura e simplesmente tinha sido inventada, ou então extremamente exagerada.

Os alemães parecem ter levado as queixas gregas muito a sério, mantiveram o submarino Papanikolis no estaleiro, para resolver os problemas que foram encontrados – porque alguns dos problemas eram efectivamente reais. Sabe-se que o U214 aproveita parte das características dos submarinos U209 (que se adequa mais à operação oceânica) com características dos submarinos U212 construídos para a marinha alemã e com a operação em águas pouco profundas em mente.
Sendo um navio novo, os erros não poderiam ser menosprezados.

Mas a maior parte dos defeitos encontrados, foram pelo menos na aparência consequência de o Papanikolis ser o primeiro navio de uma nova série de submarinos conhecida como U214, o qual como é comum nestes casos, apresentou problemas resultado de imprevistos. Mas este tipo de problemas iniciais, que costuma ocorrer em navios, aeronaves e sistemas terrestres são normalmente resolvidos nos primeiros sistemas de uma série e isso ocorreu com o Papanikolis.

A insistência grega, começou a irritar os alemães, que depois de terem corrigido os problemas consideraram que não havia já nada para resolver do ponto de vista técnico, restando apenas questões políticas.
A continuação do problema levou os alemães a passarem para a fase seguinte, já com os problemas resolvidos e sabendo que os gregos não poderiam recorrer a tribunais para impedir a entrega dos navios.
Assim. o fabricante Thyssen-Krupp Marine Systems, a que pertence a HDW, decide tomar uma posição de força, denunciando o contrato com o estado grego.

Os alemães também aproveitaram a situação periclitante da economia grega para tomar uma posição de força, levando a que os restantes submarinos que estão em construção e quase prontos vissem os trabalhos interrompidos. Também foram cancelados os fornecimentos adicionais componentes, perante a falta de cumprimento por parte dos gregos. Estes últimos não tiveram outra hipótese senão aceitar a aquisição dos navios, prevendo a sua futura venda.

O estado grego não reconhecerá nunca que as questões levantadas contra a qualidade dos navios foram inventadas, com fins políticos e financeiros, mas implicitamente fez exactamente isso.

O acordo deixa no entanto os quatro navios sem comprador potencial, e à primeira vista não há nenhum país interessado. O U214 é um dos submarinos convencionais mais sofisticados em operação e o seu custo é elevado, quando se considera a sua eventual venda a países fora da Europa.

Frota grega manterá oito submarinos

Para já a frota grega de submarinos deverá continuar em oito unidades, mantendo-se ao serviço navios mais antigos, quatro dos quais também têm prevista uma modificação para utilizar um sistema de propulsão independente do ar que utiliza células de combustível a hidrogénio. Futuros cortes não são contudo impossíveis.

A marinha grega também não apreciou o facto de a sua arqui-inimiga potencial, a marinha turca, também ter comprado exactamente o mesmo tipo de submarino. Além dos gregos e dos turcos, o U214 foi também adquirido pela Coreia do Sul e pelo Paquistão.

Quem pode comprar os U214 gregos ?

A solução para este problema aparece como complicada. De entre os países que estão compradores de submarinos, destaca-se a possibilidade de Taiwan, mas uma venda àquele país, atrairá naturalmente a ira da China comunista, que continua a considerar Taiwan como uma província rebelde.
Há países na América do Sul que poderiam adquirir navios do tipo e o caso mais evidente parece ser o do Peru, mas neste caso o elevado custo dos navios é um problema. No báltico, o único país que poderia estar interessado era a Polónia, mas o facto de o U214 ser um submarino mais adequado para mares profundos (ele pode submergir a 400m e o báltico tem uma profundidade media de 56m) torna-o desinteressante. A Roménia não tem recursos financeiros para adquirir os navios.
Voltando à América do Sul, país que possui submarinos de construção alemã, os problemas financeiros apresentam-se como um problema e a Grã Bretanha levantaria provavelmente objecções à venda de armas com esta sofisticação a um país que recentemente voltou a levanta o problema das Malvinas.
Portugal que foi sondado sobre a possibilidade de adquirir um dos navios também não está interessado, e neste momento existem mesmo políticos que defendem a venda dos U214 portugueses, por causa dos problemas económicos. [1]

Aliás, a venda uma parte dos navios, por exemplo um par de navios a um país e outro par a outro, poderá ser vista como uma solução mais viável, mas ainda assim difícil.
Neste momento, já vários países foram contactados informalmente sobre a questão.

[1] – A venda dos submarinos portugueses, poderia ser muito mais trágica que a venda dos submarinos gregos. A Grécia tem neste momento uma frota de oito navios, enquanto que Portugal, se não receber os dois U214 que foram comprados perderá a arma submarina, no país com a maior zona economia exclusiva de toda a União Europeia.

Fonte: Area Militar