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Dor de cabeça de custos
F-35 pode ser um elefante branco

O final de Fevereiro e inicio de Março de 2010 têm sido péssimos para a Lockeed-Martin e para o projecto de caça F-35 «Lightning-II» no seu conjunto.

O projecto de aeronave tem sido alvo de uma grande quantidade de críticas, de entre as quais se destaca o problema do contínuo aumento dos custos de desenvolvimento, que quando considerados no seu conjunto e adicionados ao custo da aeronave, fazem o F-35 atingir valores impensáveis.

Segundo a imprensa especializada norte-americana, que se tem feito eco do problema do aumento de custos do F-35, há erros básicos no que concerne à análise do custo unitário de cada aeronave, principalmente porque a previsão de que o número total de aeronaves que deverão ser construídas, é completamente irrealista.

As previsões, apontam para a construção de 2.443 aeronaves que deverão substituir os caças F-16 e F-15 presentemente em serviço. Além desses, conta-se com a venda de aproximadamente 800 unidades para forças aéreas de países aliados.

Os problemas com o aumento de preços e custos de desenvolvimento têm sido constantes e vários clientes já avisaram várias vezes que poderão sair do projecto, embora os custos de tal saída sejam muitas vezes proibitivos.

Vários países estão interessados na versão de descolagem vertical, que é necessária para utilização a partir de porta-aviões que não dispõem de catapultas, como é o caso da Grã Bretanha, da Espanha e da Itália. Outros países pretendem apenas adquirir o caça na sua versão mais convencional, como substituto do F-16. Estão neste caso países como a Coreia do Sul, Israel, a Austrália, a Holanda e a Turquia. Este último país, por exemplo tem planos para adquirir uma centena de aeronaves.

O problema dos custos, pode ameaçar mesmo todo o programa, transformando-o num gigantesco «elefante branco», demasiado caro para o que realmente oferece.

Um factor que passou a ser considerado quando se trata de aeronaves de quinta geração e com características «Stealth» é o da recente divulgação da existência de um protótipo de um caça russo, desenhado pelos antigos gabinetes de desenvolvimento Sukhoi, e produzido em Komsomolsk-na-Amur na Rússia.

Todos os dados conhecidos apontam para que o «novo» caça russo seja na prática uma derivação muito modificada do caça Su-27 «Flanker» da era soviética.

Mas independentemente deste facto, a maioria dos analistas também aponta para o facto de se tratar inequivocamente de um caça de quinta geração, na medida em que as suas linhas indicam que os projectistas tiveram como objectivo primordial a redução da assinatura perante os radares inimigos, característica que é normalmente associada às aeronaves de quinta geração.

Os potenciais compradores do F-35 poderão ficar perante um dilema do ponto de vista estratégico, com a perda da vantagem qualitativa [1] pois não é seguro que continue a existir uma vantagem tecnológica determinante.

Em termos académicos, a diferença entre um Su-30 «Flanker» e um F-35 poderá ser tremenda, sendo necessários vários «Sukhoi» para deter um só avião americano. Mas essa diferença já não será tão grande quando a comparação é feita com o mais recente avião russo.

Estes factores naturalmente afectam as versões convencionais do F-35A que se destina a substituir o F-16 e o F-15, mas não se aplicam da mesma forma às versões para a marinha, que incluem uma derivação com capacidade de descolagem vertical.


Se a comparação se volta a fazer tendo em consideração o número de aeronaves e não a diferença qualitativa, então a quantidade de aeronaves disponíveis poderia ser mais importante que a qualidade intrínseca dos seus sistemas.

Isto leva a que os potenciais clientes para o F-35 pensem duas vezes antes de gastar dinheiro numa aeronave super-cara, mas cujo custo poderá não justificar uma superioridade marginal.

Boeing «de olho na jogada»
Entre os potenciais beneficiados com os problemas da Lockeed Martin poderá estar a Boeing, que fabrica o F-18 e também o F-15.

No caso deste último exemplo, foi recentemente lançado o F-15 «Silent Eagle». Em teoria, a Boeing começou a estudar alterações ao F-15E, no sentido de modificar a sua assinatura-radar, num caminho que não sendo exactamente o mesmo seguido pelos russos nas adaptações radicais que fizeram ao caça Su-27 «Flanker» parece ter o mesmo objectivo:

Produzir uma alternativa mais económica, que permita manter a superioridade às forças aéreas que tiverem que considerar a ameaça das futuras aeronaves russas.


[1] – A vantagem qualitativa explica o reduzido numero de caças que as forças aéreas de alguns países ocidentais optaram por adquirir, considerando que poderiam possuir um numero mais reduzido de aeronaves, dada a sua esmagadora superioridade tecnológica.

Fonte: Area Militar