Funcionários da agência Reuters estavam entre as vítimas.
Os militares dos EUA estão analisando um vídeo, divulgado nesta semana na Internet, que mostra um ataque de helicópteros Apache que deixou 12 mortos em 2007 em Bagdá, entre eles dois funcionários da agência Reuters, e podem reabrir uma investigação sobre o incidente, disseram fontes militares nesta quarta-feira (7).
Clique para assistir ao vídeo (em inglês)
A análise preliminar do vídeo secreto está sendo feita por advogados do Comando Central dos EUA, responsável pela guerra do Iraque, Há suspeitas de violação às regras de envolvimento em combate. A nova investigação poderia ficar a cargo do Comando Central ou do próprio Exército.
O vídeo, reproduzindo a mira da metralhadora de um helicóptero em ação no dia 12 de julho de 2007, foi amplamente visto no mundo todo desde que foi colocado na Internet, na segunda-feira, pelo grupo WikiLeaks, especializado em divulgar casos de corrupção governamental e empresarial.
Reprodução de matéria da WikiLeaks que mostra o vídeo com a morte de iraquianos
O áudio que acompanha o vídeo reproduz a conversa entre os tripulantes do helicóptero. Julian Assange, porta-voz do WikiLeaks, disse que os militares falavam "como se estivessem jogando um jogo de computador e seu desejo fosse obter placares altos" com a morte de oponentes.
A gravação mostra uma vista aérea de um grupo de homens andando em uma praça de Bagdá. Os tripulantes comentam que alguns deles estão armados.
De acordo com o WikiLeaks, esses "homens armados" na verdade eram o fotógrafo da Reuters Namir Noor-Eldeen, de 22 anos, e seu assistente e motorista, Saeed Chmagh, de 40. As armas na realidade eram câmeras. Os dois morreram.
David Schlesinger, editor-chefe da Reuters, defendeu na quarta-feira que a investigação seja reaberta. "A Reuters desde o começo pediu transparência e um inquérito objetivo para que todos possam aprender lições com esta tragédia", afirmou.
De acordo com os militares, a investigação feita logo após o incidente mostrou que as forças dos EUA não estavam cientes da presença dos funcionários da agência de notícias. Achavam estar atacando insurgentes, e confundiram uma câmera com um lançador de granadas.
O WikiLeaks disse que obteve o vídeo criptografado de um delator militar, e então conseguiu violar a codificação e investigar o caso.
O major John Redfield, porta-voz do Comando Central, disse na quarta-feira que nem o Comando Central, com sede na Flórida, nem as forças dos EUA no Iraque "têm uma cópia desse vídeo". Mas acrescentou: "Não estamos contestando sua autenticidade."
A Anistia Internacional defendeu na quarta-feira uma investigação independente, profunda e imparcial do caso.
"Este vídeo altamente perturbador parece mostrar que após o ataque inicial as tropas dos EUA abriram fogo contra pessoas que buscavam assistir um ferido, machucando duas crianças e matando várias outras pessoas", afirmou em nota Malcolm Smart, diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da entidade.
No dia seguinte ao ataque, o Exército americano explicava a morte dos funcionários da agência como parte de um confronto entre suas tropas e insurgentes.
A agência "Reuters" exigiu na época, sem sucesso, uma investigação das circunstâncias e a obtenção do material audiovisual apelando para a Lei de Liberdade de Imprensa.
Como resposta, o Exército americano concluiu que as ações dos soldados durante o fato estavam de acordo com a lei em conflitos armados e com a normativa americana sobre quando, onde e como a força deve ser usada.
Clique aqui e veja infográfico do G1 com a cronologia da invasão do Iraque.
Fonte: G1 (com agências internacionais) - Imagem: Reprodução - Noticias Sobre Aviação
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