Ministro diz que concessões só aconteceram após o endurecimento da posição brasileira
Gustavo Gantois, iG Brasília
Após a suspensão da retaliação comercial aos Estados Unidos, marcada para ter início nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, justificou a posição brasileira de enfrentamento ao governo dos Estados Unidos na disputa comercial que os dois países travam em relação ao algodão.
Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler afirmou que as concessões anunciadas pelos americanos só aconteceram após o endurecimento da posição brasileira no caso.
“Somente em função da retaliação é que o governo entrou seriamente numa reunião para discutirmos os termos de um acordo”, disse Amorim. “Foi a primeira vez que eles fizeram uma proposta séria e que mereceu a nossa análise”.
Os Estados Unidos conseguiram evitar as sanções após fazer concessões ao Brasil. A primeira é criar um fundo de US$ 147,3 milhões para dar assistência técnica à indústria brasileira de algodão o qual operaria até que o Congresso americano suspenda os subsídios ou haja um acordo final sobre a disputa com o Brasil. Os americanos também se comprometeram a modificar seu programa de garantias de crédito para exportação, algo que ainda será negociado com o Brasil.
Por fim, os Estados Unidos declararão no próximo dia 16 o estado de Santa Catarina livre de febre aftosa e de outras doenças do gado, ao passo que terminará um estudo sobre se aceita a importação de carne bovina fresca do Brasil. Depois desses passos, os dois países negociarão os assuntos de fundo do conflito comercial “com o objetivo de entrar em acordo em junho sobre um processo que nos permita alcançar uma solução aceitável para ambas as partes na disputa do algodão”, diz o comunicado americano.
“Pedimos dez dias para fazer uma análise mais detalhada dessa proposta”, adiantou Amorim. “Somente uma solução que englobe todos os programas é que poderá ser aceita como definitiva. Depois dos dez dias faremos um memorando de entendimento, que indicará um caminho, e daí teremos 60 dias para aplicar alguma decisão”.
Em agosto, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a aplicar sanções comerciais contra os Estados Unidos por causa de seu programa de subsídios ao plantadores de algodão. O valor da retaliação é de US$ 829 milhões e foi definida pelo governo brasileiro para ser aplicada sobre cosméticos, alimentos, automóveis, eletrodomésticos e outros produtos.
(*Com informações da EFE)
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