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Brasil e EUA devem assinar acordo de cooperação em defesa na 2a

Brasil e Estados Unidos se preparam para assinar na próxima segunda-feira um acordo de cooperação na área de defesa, o primeiro desse tipo entre as duas maiores economias do hemisfério em mais de 30 anos, informaram autoridades nesta quarta-feira.

A assinatura do acordo pode gerar esperanças de maior cooperação entre as Forças Armadas de Brasil e Estados Unidos, apesar de tensões diplomáticas entre os dois países devido à recusa brasileira de apoiar a imposição de sanções ao Irã por conta do programa nuclear da República Islâmica.

O acordo, se concretizado, também vem no momento em que o Brasil escolhe o vencedor de uma disputa multibilionária para o fornecimento de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A norte-americana Boeing é uma das finalistas desse processo.

O tratado será o primeiro acordo "guarda-chuva" sobre a cooperação na área de defesa desde que o regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985 se retirou do pacto anterior em 1977, disse uma fonte que falou sob condição de anonimato.

Em Brasília, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, descreveu o pacto como um "guarda-chuva, um acordo geral, genérico, que viabiliza uma série de possibilidades em termos de negociações futuras em matérias de defesa".

"Estou tentando combinar com o secretário (de Defesa dos EUA Robert) Gates de assinar este acordo lá em Washington na segunda-feira", disse o ministro à comissão.

O acordo não dará aos EUA permissão para construir uma base militar no Brasil, disse a fonte, apesar de rumores recentes na imprensa sul-americana sobre essa possibilidade.

"Não há provisão para acesso especial a instalações... não há provisão para construção de novas instalações", disse a fonte.

No ano passado, um acordo dos Estados Unidos com a Colômbia permitiu maior acesso de tropas norte-americanas a bases colombianas, o que gerou críticas do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que afirmou que o acordo é parte de um complô para invadir seu país.

A fonte diplomática disse que o acordo vai conter uma cláusula garantindo respeito à soberania dos dois países e à sua "integridade territorial", além de não-intervenção em assuntos internos.

Apesar de não ter um acordo "guarda-chuva" em vigor, as Forças Armadas de Brasil e EUA assinaram outros tratados na área de defesa relativos a áreas específicas, incluindo um acordo em 2000 sobre provisões para materiais de defesa norte-americanos.

Fonte: O Globo (Reportagem de Phil Stewart em Washington e Ray Colitt em Brasília)