Jeito ‘carinhoso’ do Brasil é obstáculo para estar entre os grandes, diz jornal
Um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito “carinhoso” do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.
O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil “tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber”.
Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.
Política de ‘arco-íris’
No entanto, segundo o texto, “a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”.
“Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também”, afirma o Financial Times.
Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”.
O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.
“Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto”, diz o texto.
Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer “erros” e não se acostumar “aos holofotes da opinião internacional”.
“Isso custou pouco ao Brasil até agora”, diz o Financial Times.
“Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis”, afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.
Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o “charme de Lula”.
“A imagem do império carinhoso pode não durar mais”, conclui o texto.
4 Comentários
O que estes críticos limitados de intelecto precisam aprender é que o mundo mudou e eles precisam lidar melhor com o cinza ao invés do preto e branco da guerra fria. O Brasil não tem um uma faca (A Bomba) no pescoço dos outros e não o interessa. O Brasil procura um caminho particular que não necessariamente precisa estar afinado com os interesses das potências, mas sim, dos interesses dos menores = a quase total maioria a quem o Brasil deseja aliar-se.