Existem diversas versões que levam a invenção do parapente, como equipamento e como esporte. Alguns dizem que foi um engenheiro da Nasa o pioneiro, outros que foram paraquedistas cansados de saltar de aviões, outros ainda que foram escaladores franceses os responsáveis pelo surgimento do esporte.
No meu entender, porém, a verdade se aproxima de uma união de vários acontecimentos, ocorridos em épocas distintas e que se fundiram em um dado momento dando origem ao esporte.
Muito provavelmente tudo começou nos anos 60 quando a Nasa iniciou, por conta do projeto Apollo, pesquisas que envolviam o desenvolvimento de um Paraglider, que vem de Para (paraquedas) e Glider (planar), ou seja, literalmente, Paraquedaplanador e solicitou a David Barish (paraquedista e engenheiro em aerodinâmica) que desenvolvesse tal aparato.
Após alguns protótipos, em 1965, David desenvolveu uma espécie de paraquedas muito peculiar, que apesar de muito parecido com os parapentes modernos, tinha apenas uma única superfície.
David precisava fazer alguns ajustes no equipamento e para isso decolou com ele do Monte Hunter nos Estados Unidos, realizando assim o primeiro voo de paraglider da história. David colocou o nome de Sloop Soaring (voo de talude) na atividade e em 1966 chegou a realizar alguns voos de demonstração, mas certamente a cabeça de David estava muito a frente de seu tempo e o novo esporte não tomou grandes proporções.
Paralelamente o aviador canadense Domina Jalbert criou o primeiro paraquedas retangular com células para gerar o efeito asa. Este sim muito similar aos atuais paraquedas continha: extradorso, intradorso e células separadas, e vem a ser o ancestral de todos os paraquedas e parapentes atuais.
Somente doze anos depois, no final dos anos setenta, que o esporte começou a tomar forma. Três paraquedistas franceses se uniram para escalar e saltar de paraquedas do alto das montanhas e com isso provar que era possível fazê-lo sem o uso de avião ©. Jean Claude Betemps, André Bohn e Gerard Bosson, saltaram, ou melhor, decolaram da colina de Pertuiset, perto de Mieussy, localizada no maciço de Chablais nos Alpes franceses em 1978.
Em 1979 Gerard Bosson introduziu o parapente no campeonato mundial de asa delta e pouco tempo depois, já no início dos anos oitenta, fundou a primeira escola de parapente do mundo, o “Club Le Choucas”. A escola reunia escaladores franceses que viam no parapente uma forma mais rápida e prazerosa de retornar ao solo após uma escalada. Foram esses valorosos montanhistas que deram verdadeiro impulso ao esporte.
O maior feito da época foi protagonizado pelo montanhista Marc Boivin que em 1988, com coragem, astúcia e audácia, decolou do cume do Everest. Do alto da montanha mais alta do planeta Boivin realizou um voo de onze minutos até o acampamento dois. Feito absolutamente memorável até para os dias de hoje, tão memorável que nunca foi repetido. Em 1984 Laurent de Kalbermatten funda a primeira fábrica de parapentes da história, a Ailes de K. A partir daí foram inúmeros os avanços na área tecnológica dos parapentes. Avanços que possibilitaram maior segurança, conforto, leveza, planeio, dentre outros itens que continuam evoluindo e desenvolvendo, ano após ano, esse nobre esporte que é o voo livre de parapente.
Nos brasileiros podemos nos orgulhar de fazer parte dessa história. Somos detentores de inúmeros recordes mundiais, 100% nacionais, dentro do esporte. Todos foram batidos com equipamentos brasileiros produzidos pela SOL Paragliders, que hoje é uma das maiores e mais respeitadas fábricas de parapente do planeta.
Fonte: Sandro Cardoso (360graus.terra.com.br) - Imagens: Divulgação - Noticias Sobre Aviação
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