Se quiser pode acompanhar a discussão dos colegas indianos sobre o assunto no excelente site:
Colocando a questão de uma forma muito sintetica, podemos dizer que o Rafale é uma adversário mais pequeno, mais leve, mais barato e menos capaz do que o Typhoon, o programa que a França abandonou na década de 80 para construir o seu próprio avião de combate de 4,5 geração (ver AQUI). De facto, nem um, nem o outro são comparáveis às características oferecidas actualmente peo F-22 Raptor ou pelo projecto russo PAK-FA. Contudo, o Rafale não pode deixar de ser uma boa alternativa, nalgumas condições… Os EUA não estão a vender Raptors a ninguém, mesmo aos seus mais fiéis aliados que o estão a tentar comprar (Japão e Austrália, nomeadamente). O Rafale deveria ser mais barato que o Typhoon, custando entre os 45 e os 64 milhões de euros cada, enquanto que o Typhoon ronda os 120 milhões, mas sabe-se que ambos os aparelhos foram oferecidos à Coreia do Sul pelo mesmo preço: 95 milhões por unidade… Ou seja, o consórcio EADS anda numa de dumping…
Em termos genéricos, o Rafale é quase tão capaz como o Typhoon (ver AQUI ), pelo que pode sempre ser uma alternativa “económica” a esta caça, mais pesado, maior e, logo, mais capaz e caro. Se o seu uso em Porta-Aviões é determinante, o Rafale é a única alternativa ao F-35 dos EUA… Aliás, a França já o usa nesse papel no seu porta-aviões nuclear “Charles de Gaulle“.
Em termos de furtividade, o Typhoon deveria ser mais capaz que o Rafale, mas existem informações que apontam para que o caça francês, porque é menor, tem afinal de conta um menor RCS, menos 50% que o Typhoon, segundo alguns.
A grande diferença entre o Typhoon e o Rafale está assim na banda financeira… A diferença a favor do Rafale reside nas suas menores dimensões e na sua inferioridade em algumas das suas características em relação ao avião da EADS. É também certo que programas puramente nacionais tende a ser mais baratos do que programas multinacionais (redudâncias, tempo gasto em reuniões e acordos, transporte de peças e montagem, etc). Esta vantagem tem sido anulada porque se estão a construir mais Typhoon do que Rafale, e a decorrente economia de custos está a baixar os preços do primeiro.
(Video promocional do Typhoon)
Os dois aviões são também diferentes, nos objectivos para os quais foram concebidos. Enquanto que o Rafale foi criado para ser um caça táctico, o Typhoon foi concebido de raíz para ser um caça de superioridade aérea. Isto confere com aquilo que se julga, que é o facto do Typhoon ser mais competente no papel de interceptor, do que o Rafale. Contudo, o Typhoon pode levar menos peso em bombas e mísseis (6500 Kg) do que o Rafale (9500 Kg) e isto, num cenário em que as operações contra alvos no solo são fundamentais, é uma vantagem importante para o aparelho gaulês…
O radar do Rafale está entre o melhor que hoje existe na aviação militar… Com efeito, o radar de “Phased Array” RBE2 permite o tracking de alvos múltiplos a distâncias superiores aos alcances dos mísseis Ar-Ar da actualidade. De facto, o RBE2 é apenas comparável ao APG-77 do F-22. O radar do Typhoon é de uma geração anterior e o seu upgrade (inevitável…) será complexo e caro. E quando fôr feito, provavelmente o Fase 3 RBE2 da Thales já deverá estar operacional nos Rafale, já que este modelo superior do RBE2 tem vindo a ser ensaiado nos Rafale desde 2003 e deverá ser tornado o padrão dos Rafale em 2008.
Em termos de manobrabilidade, o Rafale é um melhor avião… Aqui, o Typhoon paga o preço das suas maiores dimensões e peso.
Em termos de armamento embarcado, ambos os aparelhos podem usar o excelente míssil europeu de longo alcance Meteor, em médio alcance, o MICA do Rafale equivale ao AMRAAM do Typhoon… Em dogfight, são equivalentes….
O maior problema com o Rafale tem talvez a ver com a sua não integração com armas americanas… Estas são produzidas em grande número, e consequentemente, são mais baratas que as europeias ou francesas, um argumento importante se o mesmo país usar o JSF e o Typhoon, como sucederá pelo menos no caso britânico.
De facto, o Rafale parece superior ao Typhoon… E isto colide com a ideia pré-concebida que alimentava ao começar este modesto estudo comparativo, admito… Aliás, o Rafale parece estar adiantado uns bons cinco anos em relação ao Typhoon e se o governo francês continuar a financiar o projecto, sendo aqui vital o encontro de algum cliente externo, esta vantagem vai manter-se com os programas de upgrade que estão já previstos e que o Typhoon dificilmente acompanhará. Actualmente, a Índia está a considerar o Rafale, assim como a Suíça. E a Líbia, parece ter encomendado entre 13 a 18 aparelhos (ver AQUI)… Isto somente, pode continuar esta ligeira vantagem a favor do Rafale.
Texto do Quintus
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