A BAE Systems, maior empresa europeia do setor de defesa, quer ampliar a sua atuação no mercado brasileiro nessa área, aproveitando as novas oportunidades que surgiram com o programa de reequipamento da Marinha. Vai enfrentar concorrentes de peso da Itália, Alemanha e França.
Amparada pelo governo britânico, a BAE apresentou ontem para a área de defesa Brasileira uma proposta de parceria estratégica de longo prazo, que contempla inicialmente o desenvolvimento conjunto de navios de combate e a possibilidade de participação do país no desenvolvimento da nova geração britânica de navios de guerra, batizado de Programa Global de Navio de Combate.
Previsto para ser concluído em 2020, o Global Combat Ship terá a BAE Systems como principal empresa contratada. Só o projeto de desenvolvimento do navio receberá, nos próximos três anos, um investimento de US$ 208 milhões.
"Estamos oferecendo um programa colaborativo que vai mais além do que a simples venda de um navio. É uma oportunidade real para as indústrias Brasileiras adquirirem a capacidade para desenvolver os requisitos de interesse da Marinha e de garantir a soberania e a independência do país na construção dos seus próprios navios de patrulha, fragatas e navios de apoio logístico", disse o diretor-geral de Desenvolvimento de Negócios da BAE para a Europa e Américas, Dean McCuminskey.
Segundo ele, a parceria que está sendo proposta prioriza a transferência de tecnologia de modo a capacitar a base industrial nacional do setor naval para projetar, produzir e operar seus próprios equipamentos e sistemas e exportá-los para outros países. "O desenvolvimento da capacidade tecnológica nacional que estamos propondo já é um modelo que temos aplicado com sucesso em outros países como a África do Sul, Coreia do Sul, Grécia e Estados Unidos", afirma o executivo.
McCuminskey integrou uma missão comercial de companhias britânicas, lideradas pelo Ministro de Estratégia de Segurança Internacional da Grã-Bretanha, que assinou ontem, com o governo brasileiro um acordo bilateral de cooperação na área de defesa. A longo prazo, segundo ele, o grupo inglês também tem a intenção de estender a parceria com o Brasil para as áreas de veículos aéreos não tripulados (vants), veículos terrestres e também segurança.
A BAE, que está presente no Brasil desde 1998, fornecendo sistemas de defesa para a Marinha e Exército brasileiros, também quer ampliar seus negócios com a Embraer, para quem já fornece sistemas de controle de voo para os jatos da família 190. "A BAE tem uma experiência grande no desenvolvimento de computadores de missão e de controladores de voo e estamos oferecendo essa expertise para o programa do novo avião de transporte KC-390, em desenvolvimento na Embraer", comentou o diretor.
Segundo o executivo, as discussões com a Embraer sobre o fornecimento desses sistemas para o KC-390 já foram iniciadas e a proposta da BAE Systems também inclui um pacote de off-set (transferência de tecnologia) que será submetido posteriormente a avaliação da Força Aérea Brasileira (FAB). "A Embraer está capacitada para absorver qualquer tecnologia, especialmente na área de integração de sistemas, mas também estamos procurando outras empresas para estabelecermos parcerias na área de montagem dos equipamentos", explicou.
No setor marítimo, segundo McCumiskey, a proposta da BAE Systems prevê a construção dos navios no estaleiro de um parceiro no Brasil, com o máximo de conteúdo nacional. "Estamos em contato com várias empresas Brasileiras com as quais temos discutido a realização de parcerias", comentou. A parte do reequipamento da Marinha que lhe interessa tem valor avaliado em US$ 7 bilhões.
A BAE tem ainda interesse em estender o modelo de parceria estratégica com o Brasil para o programa de gerenciamento da Amazônia Azul. Neste caso, segundo ele, tem a intenção de fornecer uma rede de sistemas de segurança e defesa para auxiliar o sistema de gerenciamento dessa região.
Com receita de US$ 36,2 bilhões em 2009, a BAE Systems já tem um histórico de atuação antigo na Marinha Brasileira, fornecendo a maior parte dos navios atualmente em operação no país, além de vários sistemas terrestres para o Exército, como os 586 veículos M-113 de transporte de tropas.
Fonte: Valor Economico - Via NOTIMP/FAB
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