Os Emirados Árabes Unidos e o Brasil estão negociando um acordo de cooperação de grande escala na área de defesa que poderá ver os Emirados adquirindo aeronaves de transporte e ataque leve fabricadas no Brasil.
Dentro de duas semanas, o Brasil vai apresentar uma proposta de acordo para os Emirados, e para isso desenvolve “um acordo de cúpula entre os dois países sobre a cooperação no campo militar”, disse o Ministro da Defesa Nelson Jobim aos jornalistas nessa terça-feira.
“Nós colocamos na mesa todas as possibilidades de cooperação entre os dois lados. Essa foi uma negociação franca e transparente,” ele disse.
O acordo é centrado na venda de aeronave de ataque leve turbohélice Super Tucano e na contribuição no desenvolvimento da aeronave de transporte KC-390, bem como em programas de treinamento para os oficiais brasileiros e dos Emirados.
Uma vez que os Emirados revisem o acordo, os membros dos dois países colaborarão nas suas especialidades. Jobim disse que espera que o negócio possa ser assinado dentro de dois meses depois do esboço.
O Brasil é um dos grandes exportadores de armas, tendo sido listado entre as maiores nações negociadoras de armas, assinando acordos avaliados em US$7,2 bilhões no ano passado, de acordo com um recente relatório do Congresso dos EUA.
O acordo com os Emirados poderá representar a primeira significativa exportação de armas do Brasil para o Golfo desde os anos 80, quando a indústria de defesa sofreu um grande revés no final da Guerra Irã-Iraque. O Brasil foi um grande fornecedor de armas para o regime de Saddam Hussein na época.
Um peça central do negócio é o KC-390, uma aeronave de transporte projetada pela fabricante brasileira Embraer, que pode transportar 21 toneladas de carga. Seus primeiros dois protótipos devem ficar prontos em 2014 e 2015, e devem estar disponíveis no mercado a partir de 2018.
O Brasil espera preencher a lacuna que será deixada pelas aeronaves C-130 Hercules de mais de 50 anos de operação. Jobim estima que 1.500 aeronaves de transporte C-130 fabricadas nos EUA devem ser retiradas de operação entre 2018 e 2020.
Um parte principal de qualquer acordo potencial inclui convidar as companhias dos Emirados para criar parcerias ou se unir no desenvolvimento de projetos com os fabricantes de defesa do Brasil com o objetivo de “criar uma capacidade nacional na indústria de defesa”, disse Nelson Jobim.
“As autoridades dos Emirados mostraram um interesse em participar, em desenvolver, e programar o KC-390″, disse Jobim.
Mustafa Alani, um especialista de segurança do Centro de Pesquisas do Golfo, em Dubai, disse que os Emirados poderiam utilizar a aeronave de transporte para expandir sua ampla rede de missões humanitárias.
“As forças dos Emirados estão aumentando o movimento e a participação em missões de paz, então eles precisarão de aeronaves de transporte versáteis”, disse Alani.
Ele adicionou que a tendência em contratos de defesa agora envolve ter uma “dimensão local”, a qual é a razão porque a parceria é um importante componente de qualquer acordo.
Os Emirados também mostraram interesse no Super Tucano, uma aeronave leve de combate fabricada no Brasil. Jobim disse que a aeronave poderia ser ideal para as operações de contra-insurgência bem como para manter a segurança nas fronteiras e no combate ao tráfico de drogas.
Jobim disse que os detalhes de quantas aeronaves os Emirados vão adquirir ou do valor monetário de tal acordo ainda não foi detalhado, e a decisão sobre as encomendas poderá apenas ser feita após serem realizados os trabalhos conjuntos entre os dois países.
As aeronaves “deverão cumprir as especificações e exigências da Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos”, ele disse.
Fonte: The National – Via: Cavok
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