O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, firmarão dois tratados durante uma reunião em Londres, anunciou a presidência francesa.
O acordo permitirá a simulação do funcionamento do arsenal nuclear dos dois países a partir de 2014, em uma instalação conjunta na região da Borgonha.
Este novo centro de simulação será construído em uma instalação já existente da Comissão de Energia Atômica (CEA), em Valduc (Côte-d'Or), 45 km a noroeste de Dijon, no centro da França, começando a funcionar em 2014, mas com obras previstas até 2022, destacou a presidência francesa.
A unidade permitirá que cientistas franceses e britânicos "projetem os resultados das ogivas e materiais nucleares" a disposição dos dois Exércitos com o objetivo de garantir "a viabilidade, a segurança e a proteção a longo prazo de nossos arsenais nucleares".
O novo laboratório de Valduc será complementado com um centro de pesquisas franco-britânico na localidade de Aldermaston, na Grã-Bretanha.
Esta "cooperação sem precedentes" se fará "respeitando totalmente a independência das forças de cada país", destacou Paris.
França e Grã-Bretanha poderão seguir como atores militares de dimensão internacional, mas adaptados a uma era de rigor orçamentário. Londres e Paris "conservarão o direito de deslocar suas forças armadas de forma independente", destacou um responsável britânico, que pediu para não ser identificado.
Os tratados incluirão a criação de "uma força expedicionária conjunta", com entre 3.500 e 5.000 homens, que deverá iniciar seu treinamento no próximo ano. Esta nova força não será permanente e ficará encarregada de operações específicas, sob comando único.
"Anunciaremos o que chamamos de força expedicionária conjunta, e não uma força militar permanente. É uma conjunção de forças armadas dos dois países que treinam e atuam juntas", disse o funcionário britânico.
Os dois países compartilharão ainda seus porta-aviões, a partir de 2020. A manutenção do novo avião de transporte A400M também será dividida.
Ao comunicar nesta segunda-feira os acordos aos deputados, David Cameron tratou de tranquilizar os "eurocéticos" de seu partido conservador, que temem um abandono de prerrogativas em benefício da União Europeia (UE). O premier garantiu que o acordo com a França é fruto dos mesmos princípios adotados nas discussões sobre o orçamento e as reformas institucionais da UE.
"O princípio é o mesmo. Associação sim, mas sem perder a soberania".
No domingo, o ministro da Defesa, Liam Fox, justificou a aproximação com a necessidade de se fazer uma "economia importante" em época de austeridade orçamentária, mas garantiu que trata-se de algo puramente bilateral, descartando o início de um "exército europeu que não queremos".
Fonte: AFP
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Embora pareça improvável no presente, mas na medida que os países da AL passem ao protagonismo na defesa de seus interesses econômicos no Atlântico Sul, vejo que a efetivação de uma cooperação em defesa e segurança entre Grã-Bretanha e França poderá implicar no emprego futuro contra a Argentina e aliados de uma força expedicionária conjunta, a ser treinada já no próximo ano ou do uso compartilhado dos porta-aviões das duas nações a partir de 2020, além dos vários meios militares a serem desenvolvidos.
O Brasil precisará estabelecer com muito cuidado os limites da “parceria estratégica” estabelecida com a França.