Telegramas confidenciais obtidos pelo site WikiLeaks e divulgados pelos jornais Guardian e The New York Times sugerem que diplomatas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha estão mais preocupados do que admitem em público com o arsenal nuclear do Paquistão. O governo paquistanês, por sua vez, rebateu nesta quarta-feira os temores de que suas armas nucleares possam parar nas mãos de terroristas.

Uma mensagem trocada entre as representações diplomáticas das duas potências adverte que o Paquistão está aumentando rapidamente seu estoque nuclear, a despeito da crescente instabilidade do país. O documento expressa ainda o ceticismo de diplomatas americanos em relação à capacidade do Paquistão de cortar seus vínculos com extremistas islâmicos.

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No documento, o alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores britânico Mariot Leslie diz a diplomatas americanos, em setembro de 2009, que seu país estava profundamente preocupado com a segurança das armas nucleares do Paquistão. E essa não tinha sido a única vez em que o assunto foi tratado pelos aliados.

Em outro arquivo, transmitido sete meses antes, a então embaixadora americana no Paquistão dizia a Washington: "Nossa principal preocupação não é a de que um militante roube uma arma completa, mas sim a chance de alguém que trabalhe em alguma instalação do governo paquistanês contrabandear aos poucos material suficiente para a construção de uma arma".

“O medo deles não é justificado", retrucou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, Abdul Basit, referindo-se aos americanos e britânicos. "Não houve um único incidente envolvendo nosso material físsil, o que claramente reflete quão fortes são nossos controles e mecanismos. É hora de eles romperem com seus preconceitos históricos contra o Paquistão."

Também nesta quarta, a Interpol emitiu nesta quarta uma ordem de captura internacional contra Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, que divulgou nesta semana milhares de documentos secretos do Departamento de Estado, responsável pelas relações internacionais dos Estados Unidos. Assange é procurado pela Suécia em uma investigação de estupro.

Leia na coluna de Caio Blinder:

"O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, é um vândalo autopromocional mascarado de cruzado moral (sobre o qual pesam acusações na Suécia de envolvimento em estupro e que está sendo procurado pela Interpol). Faz uma pregação anarquista sobre o direito do público à informação privada. Em algumas situações, como em documentos vazados sobre as guerras do Iraque e Afeganistão, ele presta algum serviço de utilidade pública, mas sua agenda essencial é vilipendiar os EUA, um país contra o qual ele trava sua guerra pessoal. Assange detesta os EUA e o que o país representa. Para ele, a diplomacia americana é essencialmente criminosa."

Fonte: Veja