“A Federação Nacional Republicana (1919-1921) (defendia) um Estado Confederado Português. Seria administrativamente descentralizado e constituído pela área continental e ilhas (federação de municípios representada numa Assembleia Provincial e federação de províncias representada numa Assembleia Nacional), em conjunto com a área das províncias ultramarinas (transformadas em estados autónomos, após intensa colonização interna), apresentando-se a intenção de conseguir o ingresso dos Estados Unidos do Brasil no futuro Estado Confederado, devido às “afinidades étnicas e filológicas das duas nações” e a circunstância de serem “produtoras da quase totalidade dos géneros inter-tropicais”.
Ernesto Castro Leal
Revista Nova Águia
Número 6
É curioso como durante a Primeira República havia a noção de que era preciso conceder uma elevada autonomia ou mesmo uma semi-independência à colónias portuguesas. A Federação Nacional Republicana acreditava que as colónias deviam ser parceiros de pleno direito junto das demais províncias continentais (ainda que defendesse a colonização em vez de uma mais salutar desenvolvimento da consciência cívica dos naturais) e que deviam participar diretamente na governação republicana, colocando angolanos e moçambicanos, ao lado de minhotos e madeirenses, na Assembleia Nacional. É contudo certo que se tratariam de colonos europeus ou de descendentes destes mas, seria pelo menos um progresso ao que faziam então as outras potencias europeias e posteriormente criaria condições para criar uma representatividade por parte, também, das populações indígenas.
É igualmente interessante a aspiração da Federação Nacional Republicana segundo a qual o fim último desta reorganização do território e da sua administração seria a fusão com o Brasil, pela via da fundação de uma Confederação com os “Estados Unidos do Brasil”… devido às proximidades culturais e linguísticas entre Portugal e o Brasil (que então eram muito maiores do que hoje) e perspetivando já então a mesma União Lusófona que hoje é um dos pontos centrais às propostas do MIL: Movimento Internacional Lusófono.
Fonte: Quintus
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