Para entender toda a história da compra de 36 caças para a FAB e a demora para se chegar a uma conclusão, o roteiro é extenso. Primeiro, o entendimento de que se trata de uma urgência nacional: nossa frota de caças envelheceu e logo mais acaba seu tempo útil de vida. Em 2008, no auge da discussão em torno da escolha que o Brasil deveria fazer – se por caças franceses, estadunidenses ou suecos – tínhamos 171 aviões de combate em condições de voar, correspondente a um aparelho para cada 50 mil quilômetros quadrados do território nacional.
Já era e está ficando cada vez mais claro que o Brasil precisa se equipar melhor para patrulhar as fronteiras aéreas e o limite marítimo das duzentas milhas, onde estão as reservas de petróleo do pré-sal. Além disso, alerta o ministro Nelson Jobim, da Defesa, que após a decisão pelo modelo a ser adquirido, o processo de compra nunca demora menos de um ano, a que se acrescenta o tempo que os fornecedores levarão para entregar os novos aviões.
Outro ângulo dessa demorada história de compra de caças tão necessários é a escolha do modelo, quando há três vendedores com bons produtos. Teoricamente, o escolhido deveria ser o que desse o menor preço, mas a mercadoria é muito cara – chega a US$ 10 bilhões – e envolve aspectos delicados, sobretudo políticos e técnicos, que entravam a decisão que parecia tomada em favor do modelo Rafale, da francesa Dassault.
O presidente Lula e o ministro Jobim estavam claramente decididos pelo Rafale, quando entraram em cena componentes inesperados no processo de compra: avaliação técnica da FAB realçou os nomes de dois concorrentes – o F-18 Super Hornet, americano da Boeing, e o Gripen NG, da empresa sueca Saab – ambos com preços inferiores ao Rafale. Nesse caso, porém, a decisão que parecia consolidada em favor do Rafale poderá prevalecer no próximo governo porque, além da excelência do produto francês, entra em jogo a transferência de tecnologia, item considerado fundamental pelo governo brasileiro.
Entretanto, não poderia o governo bater o martelo pelo caça francês quando tinha em mãos um relatório da FAB destacando os preços mais vantajosos dos outros concorrentes. E a compra dos aviões de combate terminou gerando, também, delicados aspectos diplomáticos, em que o governo brasileiro chega a admitir a hipótese de o País sofrer retaliação política dos perdedores dessa monumental concorrência. Chegamos, mesmo, a ver parte desse enredo com a aproximação do presidente Sarkozy, da França, e do presidente Lula. O ministro Jobim apontou para uma das heranças da presidenta Dilma Rousseff, ao afirmar que pode haver questões políticas a administrar.
O certo, contudo, é que se trata de um processo que não pode ser interrompido, pois a FAB já trabalha com projeções para 2025 com um cenário pouco conhecido: defender 7.491 quilômetros de fronteira marítima, a área marítima jurisdicional – soma da chamada Zona Econômica Exclusiva com a Plataforma Continental – que representa mais de 4 milhões e 450 mil quilômetros quadrados. O que isso representa só pode ser exposto pelos estudos técnicos de nossa Força Aérea, hoje postos apenas em papel, esperando a chegada dos caças com tecnologia mais avançada do mundo e a possibilidade de torná-la parte dos grandes avanços da Aeronáutica brasileira.
Fonte: Jornal do Commercio - Via: CAVOK
4 Comentários
-Acredito que se a FAB tivesse sido de parecer semelhante a marinha e até mesmo o exército eles já teriam sim seu pacote fechado, e já estudando os próximos passos neste processo. Mas fazer o quê? Aceitou a confusa participação de arapongas dando pitaco, vazando informações ultra-previlegiadas, jornaleiras, digo jornalistas anunciando antes do próprio ministro Jobim e do presidente. Agora lhes resta apenas assumir mea-culpa pelo lamentável desfecho...
http://www.ausairpower.net/APA-2010-01.html
http://blogdomigueljunior.blogspot.com/2010/01/pak-fa-ii-t-50.html
E agora JUNITI SAITO?????? Fala de novo sobre a SUKHOI...
E os sábios da COPAC, por onde andam????????
Adendo de Novembro de 2008
"O Brasil está oficialmente fora do projeto PAK-FA. A recente viagem do presidente Russo Dmitri Medvedev ao Brasil ocorrida em 25 de novembro de 2008 não resultou na assinatura de nenhum acordo relacionado ao projeto.
O Comandante da Força-Aérea brasileira, Juniti Saito, justificou: "Não quero denegrir a imagem do Sukhoi, mas o projeto não se encaixou nas nossas necessidades."
A Força Aérea brasileira alega que a exclusão dos aviões da Sukhoi ocorreram pela falta de comprometimento em repassar tecnologia. CONTUDO, o Itamaraty e fontes russas ALEGAM o CONTRÁRIO, que a venda dos aviões Su-35 para o Projeto FX-2 não só resultaria na transferência de tecnologia, como também INCLUIRIA o BRASIL no desenvolvimento do projeto PAK-FA."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_russo_Pak-fa_T-50
A viúva sofre e, mesmo com um Nelsão, escoteiro de Washington, a viúva ainda tem um restinho de esperança. A viúva paga impostos, a viúva é contribuinte, a viúva NÃO é CEGA.
http://www.milavia.net/aircraft/su-35/su-35.htm
http://www.ausairpower.net/APA-Su-35S-Flanker.html
Wen Jiabao, meu nobre, coloque a andorinha de 5ª no ar.
"Quebrei a lança e lancei no espaço um grito, um desabafo: E o que me importa é não estar vencido"