O administrador público José Lins, 56, usava óculos quando o airbag de sua picape inflou após ele sofrer um acidente na estrada.

"A bolsa de ar salvou a minha vida, mas, com o impacto, poderia ter estilhaçado as lentes e me deixado cego. Por sorte, tive apenas ferimentos no alto do nariz", conta.

Um estudo inédito do Instituto de Segurança Viária da Fundação Mapfre, na Espanha, aponta que motoristas e ocupantes que usam óculos têm duas vezes mais chance de sofrer lesões após choque com airbag em acidentes.



Testes de impacto a 30 km/h com bonecos mostram que os danos podem aumentar se o motorista não mantiver a distância mínima (45 cm) entre o rosto e o volante, de onde sai o airbag frontal. Usar óculos com armações rígidas e lentes de vidro também pode causar danos.

O estudo estima que dois terços dos condutores usem óculos de grau ou de sol e que 4% dos acidentes provoquem dano no globo ocular.

Feito para funcionar com o cinto de segurança, o airbag reduz em 51% o risco de morte e em 85% os danos à cabeça em acidentes. Por lei, será obrigatório nos carros novos brasileiros a partir de 2014.

ÓCULOS IDEAIS

Para o designer de armações Miguel Giannini, o motorista deve usar óculos flexíveis, de base plástica, sem plaquetas nasais nem parafusos apontados para o rosto.

Já as lentes devem ser de policarbonato (plástico) --pela maior resistência a choques- e com tratamento antirreflexo, aconselha Luiz Veiga, analista de produto da Essilor, das lentes Varilux.

"Nunca de vidro, propensas a estilhaços", diz. No Brasil, as lentes de vidro são as preferidas apenas de uma minoria (2%).

As novidades são as armações de polímeros ultraleves -pesam 2,5 g, sem as lentes de policarbonato-, que saem por R$ 900, o dobro do preço de óculos feitos de acetatos alternativos.

Pacientes operados de catarata e de glaucoma, geralmente mais sensíveis a choques na região ocular, devem preferir as hastes flexíveis, mesmo que trafeguem de carona em carro com airbag, orientam especialistas ouvidos pela Folha.

Fonte: Bol