Ainda a propósito do fenómeno das Revoluções que se propagam da Tunísia para o Egipto saltando por cima da Líbia, no meio de todos os adjectivos satisfeitos com que se comentam os acontecimentos mais recentes do Cairo venho recuperar esta pequena notícia do Público ainda de hoje:
O Líder líbio, Muammar Gadafi, está a tentar impedir manifestações convocadas para quinta-feira, dizem fontes líbias citadas pelo diário (espanhol) El País. Em reuniões com jornalistas e activistas o Líder líbio, no poder desde 1969, avisa para as responsabilidades de quem tenta fomentar o caos.
O Líder líbio, Muammar Gadafi, está a tentar impedir manifestações convocadas para quinta-feira, dizem fontes líbias citadas pelo diário (espanhol) El País. Em reuniões com jornalistas e activistas o Líder líbio, no poder desde 1969, avisa para as responsabilidades de quem tenta fomentar o caos.
3 Comentários
EU, particularmente, AMO este tal de "ditador" líbio. E, este tal de "ditador" líbio tem muito carinho e respeito pelo NOSSO povo e NOSSO país.
SUGIRO: Muammar Gaddafi, em seu discurso na 64ª Assembleia Geral da ONU em setmbro de 2009
O líder da Líbia, Muammar al-Gaddafi, 82, realizou um discurso polêmico na ONU defendendo a permanência de Santanelli como presidente.
Ele cita a sua visita a Ilhabela, litoral paulista, onde se encontrou com o Santanelli e o Ministro das Comunicações Greghi para celebrar o dia da consciência negra, já que é o atual presidente da União Africana. O ditador líbio ainda citou o seu afogamento com total desprezo, que rendeu manchetes pelo mundo inteiro.
Discurso de Gaddafi na ONU
http://www.youtube.com/watch?v=IhBiaV9yznU
OBS: SANTANELLI é nada mais, nada menos, que Luis Inácio LULA da Silva.
Este vídeo é do tempo em que MUITOS defendiam o TERCEIRO mandato de LULA. OUTROS, a mando do Tio Sam PIRATÃO, diziam que se isso acontecesse a DEMOCRACIA(???) do BraSil estaria comprometida. Só NÃO sei o porque do líder Líbio chamar o LULA assim.
Viva Luis Inácio LULA da Silva!! Viva o POVO braSileiro, viva a Classe Operária!!!!
De todas as lutas que agora decorrem no Norte de África e no Médio Oriente, a mais difícil de deslindar é aquela na Líbia. Qual é o caráter da oposição ao regime Kadafi, a qual consta que agora controla a cidade de Bengazi, no Leste do país?
Será apenas coincidência que a rebelião tenha começado em Bengazi, a qual é a norte dos mais ricos campos petrolíferos da Líbia bem como próxima da maior parte dos seus oleodutos e gasodutos, refinarias e o seu porto de gás natural liquefeito (GNL)? Haverá um plano de partição do país?
Qual é o risco de intervenção militar imperialista, a qual apresenta grave perigo para o povo de toda a região?
A Líbia não é como o Egito. Seu líder, Muamar el-Kadafi, não tem sido um fantoche imperialista como Hosni Mubarak. Durante muitos anos, Kadafi esteve aliado a países e movimentos que combatiam o imperialismo. Ao tomar o poder em 1969 através de um golpe militar, ele nacionalizou o petróleo da Líbia e utilizou grande parte do dinheiro para desenvolver a economia líbia. As condições de vida do povo melhoraram radicalmente.
Por isso, os imperialistas estavam determinados a deitar a Líbia abaixo. Os EUA em 1986 realmente lançaram ataques aéreos a Trípoli e Bengazi que mataram 60 pessoas, incluindo a filha de Kadafi, ainda uma criança – o que raramente é mencionado pelas mídias corporativas. Foram impostas sanções devastadoras tanto pelos EUA como pela ONU a fim de arruinar a economia líbia.
Depois de os EUA invadirem o Iraque em 2003 e arrasarem grande parte de Bagdá com uma campanha de bombardeio que o Pentágono exultantemente chamou "pavor e choque", Kadafi tentou evitar a ameaça de outra agressão à Líbia fazendo grandes concessões políticas e econômicas ao imperialismo. Ele abriu a economia a bancos e corporações estrangeiras; concordou com exigências do FMI quanto ao "ajustamento estrutural", privatizando muitas empresas estatais e cortando subsídios do estado a necessidades como alimentos e combustível.
O povo líbio está a sofrer dos mesmos preços elevados e desemprego que estão na base das rebeliões em outros lados e que decorre da crise econômica capitalista mundial.
Não pode haver dúvida de que a luta que varre o mundo árabe pela liberdade política e a justiça econômica também tocou um ponto sensível na Líbia. Não há dúvida de que o descontentamento com o regime Kadafi está a motivar uma seção significativa da população.
Contudo, é importante para os progressistas saberem que muitas das pessoas que estão a ser promovidas no Ocidente como líderes da oposição são há muito agentes do imperialismo. A BBC mostrou em 22 de fevereiro imagens de multidões em Bengazi deitando abaixo a bandeira verde da república e substituindo-a pela bandeira do antigo rei Idris – que foi um fantoche dos EUA e do imperialismo britânico.
As mídias ocidentais baseiam grande parte das suas reportagens sobre supostos fatos fornecidos pelos grupo exilado Frente Nacional para a Salvação da Líbia (National Front for the Salvation of Libya), a qual foi treinada e financiada pela CIA estadunidense. Pesquise no Google o nome da frente mais CIA e encontrará centenas de referências.
O Wall Street Journal de 23 de fevereiro escreveu em editorial que "Os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubarem o regime Kadafi". Não há qualquer conversa nas salas das administrações ou nos corredores de Washington acerca de intervir para ajudar o povo do Kuwait ou da Arábia Saudita ou do Bahrein a derrubarem seus governantes ditatoriais. Mesmo com todos os falsos elogios às lutas de massas que agora sacodem a região, isso seria impensável. Em relação ao Egito e à Tunísia, o imperialismo está a mover todas as alavancas que podem para tirar as massas das ruas.
Tão pouco houve qualquer conversa de intervenção dos EUA para ajudar o povo palestino de Gaza quando milhares morreram por serem bloqueados, bombardeados e invadidos por Israel. Exatamente o oposto. Os EUA intervieram para impedir a condenação do estado colonizador sionista.
O interesse do imperialismo na Líbia não é difícil de descobrir. Em 22 de fevereiro a Bloomberg.com escreveu: se bem que a Líbia seja o terceiro maior produtor de petróleo da África, é o país do continente que tem as maiores reservas provadas — 44,3 mil milhões de barris. É um país com uma população relativamente pequena mas com potencial para produzir enormes lucros para as companhias de petróleo gigantes. É assim que os super ricos a encaram e o que está por trás da sua apregoada preocupação com os direitos democráticos do povo da Líbia.
Obterem concessões de Kadafi não é suficiente para os barões imperialistas do petróleo. Eles querem um governo sob a sua dominação total, tudo do bom e do melhor. Eles nunca esqueceram Kadafi por derrubar a monarquia e nacionalizar o petróleo. Fidel Castro, em Cuba, na sua coluna "Reflexões", registra o apetite do imperialismo por petróleo e adverte que os EUA estão a lançar as bases para uma intervenção militar na Líbia.
Nos EUA, algumas forças tentam mobilizar uma campanha a nível de rua promovendo uma tal intervenção estadunidense. Deveríamos opor-nos a isto totalmente e recordar a qualquer pessoa bem intencionada os milhões de mortos e deslocados pela intervenção dos EUA no Iraque.
Os progressistas têm simpatia com o que encaram como um movimento popular na Líbia. Podemos ajudar tal movimento principalmente pelo apoio às suas exigências justas mas rejeitando uma intervenção imperialista, seja qual for a forma que assuma. É o povo da Líbia que deve decidir o seu futuro.
Fonte: Workers World. Tradução do Resistir.Info