O presidente sudanês, Omar Hassan al Bashir, disse nesta segunda-feira que aceita a decisão de independência do sul do país num referendo que está prestes a criar um novo país na África e dar início a um novo período de incertezas em uma região crescentemente volátil.

A previsão é de divulgação no final desta segunda-feira do resultado final da votação, realizada em 9 de janeiro, mas dados preliminares mostraram que 98,83 por cento dos eleitores do sul optaram pela separação do norte.

O referendo estava previsto em um acordo de 2005 que encerrou décadas de guerra civil entre o norte e o sul do país. A expectativa agora é que o país se divida em dois em 9 de julho.

"Hoje nós recebemos estes resultados. Nós aceitamos e recebemos bem esses resultados porque eles representam o desejo do povo do sul", disse Bashir em um pronunciamento na TV.

Bashir havia dito anteriormente a jornalistas que sabia que o resultado era favorável à secessão.

Centenas de pessoas começaram a se aglomerar nesta segunda-feira, sob o forte calor, na capital do sul, Juba, para celebrar o resultado oficial.

As declarações de Bashir devem aplacar temores de que o norte estaria relutante em permitir a independência do sul, uma região rica em petróleo.

A maior parte das reservas petrolíferas sudanesas fica no sul, mas a infraestrutura está no norte, o que obrigará a uma cooperação econômica entre os dois países e deve tornar um conflito armado prejudicial para ambos os lados.

Depois do anúncio oficial do resultado do referendo, governos de todo o mundo e entidades multilaterais como a União Africana e a ONU devem reconhecer a independência do sul do Sudão, a qual deve ser formalizada em 9 de julho.

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Bashir deixou claro que ninguém terá dupla nacionalidade (do norte e do sul), apesar de esse princípio estar permitido na Constituição -o que mostra a relação desconfortável que os dois países terão após a separação.

Ainda há disputas bilaterais a respeito da demarcação da fronteira -área na qual há grandes reservas de petróleo-, de concessão de cidadania, de divisão dos preciosos recursos hídricos do Nilo e das reservas de petróleo, e da posse da região de Abyei, reivindicada por ambas as partes.

Fonte: O Globo