Em reunião com os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), o premiê chinês, Wen Jiabao, sinalizou nesta quinta que haverá uma solução para a situação da Embraer no país, cuja fábrica está à beira do fechamento por falta de encomendas.


Sem mencionar diretamente a empresa, Wen afirmou que há um "pequeno entrave" na "parceria da aviação civil", mas que era preciso ir em frente, segundo relato da reunião.


O fato de o tema ter sido levantado pelo próprio Wen foi interpretado como sinal de que haverá uma solução para a fábrica, que ficará ociosa até o mês que vem, quando terminar a última unidade de um lote de 25 aviões ERJ 145, modelo que já não tem demanda.


A Embraer vem tentando obter da China uma licença para fabricar o modelo ERJ 190, para cem passageiros, mas até agora não houve resposta. Recentemente, a empresa tem minimizado o assunto, ao afirmar que poderá continuar vendendo aviões à China, fabricados no Brasil.


O principal problema é que uma empresa estatal chinesa está desenvolvendo um avião com características semelhantes. A decisão final está nas mãos da poderosa Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.


Patriota e Pimentel estão em Pequim para preparar a visita de Dilma, em abril _será uma visita de Estado bilateral seguida da cúpula dos Brics.


A reunião com Wen durou cerca de 40 minutos e foi realizada Zhongnanhai, um grande complexo ao lado da Cidade Proibida onde a cúpula comunista mora e trabalha. A imprensa só teve acesso ao começo do encontro, durante os cumprimentos protocolares.


Wen mencionou o fato de Patriota já ter servido como diplomata em Pequim (nos anos 1980) ao chamá-lo de "velho e bom amigo da China".


Em seguida, Patriota disse que a visita de Dilma é "uma grande oportunidade para retomarmos as conversas para uma parceria estratégica".


Hoje, Patriota e Pimentel se reúnem com o ministro do Comércio, Chen Deming, que vem pressionando o Brasil a ratificar o status de "economia de mercado" à China, assinado pelo então presidente Lula, em 2004, mas nunca efetivado.


Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial brasileiro, com um intercâmbio comercia de US$ 56 bilhões no ano passado. O saldo é favorável ao Brasil em pouco mais de US$ 5 bilhões, devido principalmente à exportação de minério de ferro e soja.