A secretária de Estado americano, Hillary Clinton, disse nesta terça-feira que há relatórios não confirmados indicando que um dos filhos do líder líbio, Muammar Kadafi, pode ter morrido nos ataques aéreos da coalizão contra a Líbia. No entanto, Hillary não identificou a origem da informação ou qual filho de Kadafi foi morto.

Hillary também afirmou que alguns dos colaboradores mais próximos de Muammar Kadafi podem estar pedindo ajuda ao exterior para encontrar uma saída para o líder líbio.

Embora alguns veículos de imprensa avaliem que esta ajuda poderia ser interpretada como uma solicitação de asilo político, a diplomata americana não mencionou o exílio, mas disse que pessoas próximas a Kadafi estão avaliando suas opções.

"Temos ouvido que gente próxima a ele está acudindo a pessoas que conhecem ao redor do mundo, África, Oriente Médio, Europa, América do Norte e outros lugares, perguntando: 'o que podemos fazer? Como podemos acabar com isto? O quê acontecerá depois?'", disse Hillary.

Em uma entrevista à emissora de televisão ABC, a secretária de Estado indicou que não lhe consta que o próprio Kadafi tenha realizado gestões buscando esta aproximação, mas disse: "sei que há gente supostamente atuando em seu nome que esteve fazendo isso".

Para Hillary, o comportamento de Kadafi é imprevisível. "Parte é teatro. Parte é uma espécie de jogo, para tentar emitir uma mensagem a um grupo, outra mensagem a outros", afirmou.

Segundo a secretária americana indicou, depois da resolução 1973 aprovada pela ONU para estabelecer uma zona de exclusão aérea na Líbia, Kadafi anunciou um cessar-fogo, mas "imediatamente incitou suas forças a se movimentarem até mais rápido rumo a Benghazi", o principal reduto rebelde.


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Em sua primeira entrevista desde o início dos ataques aéreos, no sábado, Hillary disse que a realidade na Líbia é muito dinâmica, mas que a comunidade internacional enviou uma clara mensagem: "queremos que Kadafi deixe o poder e que haja uma transição para um futuro diferente para o povo da Líbia".

Hillary considerou difícil que a Líbia alcance uma transição em direção à democracia se Kadafi se mantiver no poder. "Se queremos que a Líbia seja um país estável, pacífico e algum dia democrático, é muito pouco provável que possa alcançar isso se (Kadafi) ficar no poder como está fazendo", ressaltou.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.

Fonte: Terra