Helicópteros armados da Síria dispararam contra um grande protesto pró-democracia na cidade de Maarat al-Numaan na sexta-feira, segundo testemunhas, no primeiro relato do uso de poder aéreo para reprimir manifestantes no país.

O Observatório Sírio para Direitos Humanos disse que helicópteros fizeram disparos na cidade, depois que forças de segurança em terra mataram cinco manifestantes, mas informou que nenhuma morte havia sido notificada no ataque das aeronaves.

"Pelo menos cinco helicópteros sobrevoaram Maarat al-Numaan e começaram a atirar suas metralhadoras para dispersar dezenas de milhares que marchavam no protesto", declarou uma das testemunhas por telefone.

"As pessoas se esconderam em campos, sob pontes e em suas casas, mas os disparos continuaram nas ruas praticamente vazias por horas", contou a testemunha, que deu o nome de Nawaf.

A televisão estatal disse que a cerca de 35 quilômetros dali, "grupos terroristas" fortemente armados incendiaram prédios da polícia e mataram membros das forças de segurança em Maarat, 55 quilômetros ao sul de Aleppo, segundo maior cidade da Síria, na estrada para Damasco.

"Houve protestos pacíficos hoje (sexta-feira, em Maarat) pedindo por liberdade e pela queda do regime", disse um manifestante por telefone. "As forças de segurança nos deixaram protestar, mas quando viram crescer o tamanho da manifestação, eles abriram fogo para nos dispersar."

"Durante o protesto, dois oficiais e três soldados se recusaram a abrir fogo, então nós os carregamos nos ombros. Depois disso, ficamos surpresos em ver helicópteros disparando contra nós."

Ativistas e forças sírias mataram ao menos 28 pessoas em confrontos após as orações de sexta-feira, e milhares de civis fugiram da cidade para a Turquia, temendo uma vingança das forças de segurança pelos incidentes que deixaram 120 soldados mortos nesta semana.




Mas manifestantes e refugiados na Turquia e ativistas de direitos humanos afirmaram que alguns soldados na região noroeste do país se recusaram a atirar contra os manifestantes e que houve confronto entre forças leais e forças rebeldes esta semana.

Um homem de 40 anos que fugiu para a Turquia vindo de Jisr al-Shughour com uma bala na coxa também descreveu o motim nas fileiras sírias.

"Algumas das forças de segurança desertaram e alguns do Exército se recusaram a obedecer às ordens de seus superiores," afirmou ele. "Eles estavam atirando uns contra os outros."

Ativistas de direitos humanos divulgaram um vídeo do YouTube atribuído ao tenente-coronel Hussein Armoush dizendo que ele desertou com soldados para "se unir às fileiras das massas exigindo liberdade e democracia."

Fonte: Reuters/UOLLink