O presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, aceitou se manter fora das negociações para colocar um fim nos conflitos que afetam o país há quatro meses, anunciaram neste domingo (26) os dirigentes da União Africana (UA) em um comunicado após uma reunião na África do Sul.

O texto foi lido pelo comissário da UA para Paz e Segurança, Ramtane Lamamra, que se negou a responder perguntas dos jornalistas. Dependendo da forma como isso se dará, a novidade pode ser a chave para o processo de paz no país, já que atende a uma importante exigência dos rebeldes líbios.

Não ficou claro quem representará o governo nas negociações, nem quando elas devem ocorrer.

Referendo
O governo líbio renovou no mesmo dia uma oferta de promover um referendo para decidir se Muammar Kadhafi deve permanecer no poder -uma proposta que provavelmente não interessará aos adversários de Kadhafi, mas que pode ampliar as divergências no interior da Otan.

Estão crescendo as pressões de alguns setores no interior da aliança para buscar uma solução política, três meses após o início de uma campanha militar que está custando bilhões de dólares aos membros da Otan, já provocou mortes de civis e, até agora, não conseguiu afastar Gaddafi do poder.

Moussa Ibrahim, um porta-voz da administração de Gaddafi, disse a repórteres em Trípoli que o governo está propondo um período de diálogo nacional e uma eleição supervisionada pelas Nações Unidas e a União Africana.

"Se o povo líbio decidir que Gaddafi deve partir, ele partirá. Se o povo decidir que ele deve permanecer, ele permanecerá", disse Ibrahim.

Mas o porta-voz disse que, aconteça o que acontecer, Kadhafi -que comanda o país produtor de petróleo desde que chegou ao poder em um golpe militar em 1969- não irá para o exílio. "Kadhafi não vai para lugar algum, ele vai permanecer neste país", disse Ibrahim.

A ideia de promover uma eleição foi levantada pela primeira vez no início deste mês por um dos filhos de Gaddafi, Saif al-Islam.

A proposta perdeu impulso quando o primeiro-ministro líbio, Al-Baghdadi Ali Al-Mahmoudi, pareceu tê-la rejeitado. Na época, ela também foi rejeitada pelos rebeldes anti-Gaddafi no leste da Líbia e por Washington.

Muitos analistas dizem que Gaddafi e sua família não têm intenção alguma de abrir mão do poder. Em lugar disso, afirmam, o líder líbio está acenando com a possibilidade de um acordo, tendo como intuito tentar ampliar as divisões que vêm emergindo na aliança que o combate.

Fonte: G1