A ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, é mais uma indicação de que ele perdeu sua legitimidade, disse a Casa Branca nesta segunda-feira (27).
"É outra indicação de que Muammar Kadhafi perdeu sua legitimidade", afirmou o porta-voz da Casa Branca Jay Carney.
O tribunal com sede em Haia, Holanda, emitiu mandados de prisão para Kadhafi, seu filho Saif al-Islam e o chefe de espionagem do país, Abdullah al-Senussi, sob acusações de crimes contra a humanidade.
O procurador do TPI, Luis Moreno-Ocampo havia dito em maio que pediu ao tribunal a emissão de mandados de prisão pelo assassinato 'pré-determinado' de manifestantes na Líbia depois que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas encaminhou o caso ao tribunal.
O governo de Kadhafi nega ter civis como alvo e acusa jatos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que comanda a ação internacional no país, de encenarem ataques aéreos em nome de rebeldes.
Os rebeldes - que têm apoio aéreo da Otan - enfrentam as forças de Kadhafi desde o final de fevereiro, quando milhares de pessoas se rebelaram contra o regime dele, que já dura 41 anos.
O governo reprimiu violentamente os distúrbios, e a revolta se tornou a mais sangrenta na atual onda de revoluções que varre o Oriente Médio, e que ficou conhecida com Primavera Árabe.
'Como e quando'
O chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé, disse que a decisão do tribunal confirma que "a questão não é saber se ele deve deixar o poder, mas como e quando".
A apresentação desse mandado de prisão "é a confirmação de que hoje a questão não é saber se Kadhafi deve deixar o poder, mas como e quando ele vai deixá-lo", declarou Juppé durante uma entrevista coletiva à imprensa em Bordeaux (sudoeste), cidade da qual é o prefeito.
Para Bernard Valero, porta-voz do Quai d'Orsay, "esta decisão, de grande significado, representa a confirmação de que Kadhafi perdeu toda a legitimidade e que está totalmente isolado".
"A França pede o pleno respeito às obrigações internacionais ligadas ao TPI", acrescentou o porta-voz em um comunicado.
Avanços rebeldes
Os rebeldes líbios que tentam derrubar Kadhafi estão a apenas 80 km da capital, disse um porta-voz à agência Reuters nesta segunda. Se confirmado, terá sido o maior avanço da oposição em várias semanas.
Na vizinha Tunísia, três ministros líbios, inclusive o chanceler, travam discussões com 'partes estrangeiras', segundo relato da agência estatal de notícias tunisiana.
Os rebeldes, que têm como reduto as Montanhas Ocidentais, a sudoeste de Trípoli, estão lutando contra as forças pró-Kadhafi para assegurarem o controle da localidade de Bir al Ghanam, o que representa um avanço de cerca de 30Km para o norte em relação à sua posição anterior, disse o porta-voz à Reuters. 'Estamos na periferia sul e oeste de Bir al Ghanam', disse o porta-voz rebelde Juma Ibrahim, falando por telefone da vizinha cidade de Zintan.
'Houve batalhas por lá na maior parte de ontem. Alguns dos nossos combatentes foram martirizados, e eles (forças governamentais) também sofreram baixas, e capturamos equipamentos e veículos. Está tranquilo lá hoje, e os rebeldes ainda estão nas suas posições.'
Um repórter da Reuters no centro de Trípoli ouviu pelo menos duas explosões no domingo. A localização das explosões não ficou clara, mas uma coluna de fumaça podia ser vista na direção do complexo governamental de Bab al Aziziyah.
Os rebeldes líbios controlam o leste do país e alguns enclaves no oeste líbio, e já fazia semanas que eles não conseguiam avanços significativos, ao mesmo tempo em que os bombardeios da Otan se mostram incapazes de desalojar Kadhafi.
Analistas dizem que um avanço dos rebeldes nos arredores da capital poderia inspirar uma rebelião de grupos anti-Kadhafi que estão dentro de Trípoli, um fator que muitos acreditam seria decisivo para depor o regime.
Fonte: G1
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