O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, criticou nesta sexta-feira a falta de vontade política e de contribuição de recursos militares por parte de alguns países aliados à missão na Líbia, e advertiu que podem comprometer a operação.
"Ficou amplamente claro que as deficiências em cooperação e vontade política têm o potencial de comprometer a capacidade da Aliança de efetuar uma campanha integrada, eficaz e sustentada por ar e mar", afirmou Gates em uma conferência em Bruxelas.
O chefe do Pentágono disse que essas deficiências se apresentam apesar da missão contar com um amplo apoio político e se tratar de uma operação na qual não há tropas em terra e que se desenvolve no "quintal" da Europa. E mais, acrescentou, "menos da metade se uniu à missão e menos de um terço esteve disposto a participar dos bombardeios", lamentou.
A Noruega e a Dinamarca apresentaram 12% dos aviões que realizam bombardeios, mas os projéteis que lançaram só atingiram um terço dos alvos estabelecidos, afirmou. Bélgica e Canadá fizeram importantes contribuições à missão de bombardeios na Líbia, acrescentou Gates, que lamentou que "estes exemplos são a exceção".
O secretário admitiu que muitos dos países que se mantêm à margem da operação militar contra o regime de Muammar Kadafi não o fazem porque querem, mas porque simplesmente não podem colaborar mais. "As capacidades militares simplesmente não existem, em particular há uma deficiência nos ativos que servem para dirigir tarefas de inteligência", disse. "Os aviões mais sofisticados servem para pouco se os aliados não puderem identificar, processar e eliminar alvos", afirmou.
Embora os aliados lutem contra um regime fracamente armado, em um país no qual a população não está muito concentrada, muitos países começaram a notar a escassez de munição após 11 semanas de operações, requerendo novamente a ajuda dos EUA, indicou. "Apesar das necessidades urgentes para que se invista mais em equipamentos vitais e no pessoal adequado, necessidades que são evidentes há duas décadas, muitos países aliados não estão dispostos a fazer mudanças fundamentais na hora de definir as prioridades e localizar os recursos", lamentou.
Gates qualificou como "inaceitável" o abismo que existe entre aqueles que estão dispostos a compartilhar a carga da operação militar e a pagar o preço por isso e aqueles que mostram uma falta de vontade e de contribuição de recursos. Contudo, Gates reconheceu que a Otan foi capaz de cumprir seus objetivos iniciais e que apesar da missão ter evidenciado algumas deficiências, também demonstrou o potencial que a Aliança tem de executar uma operação liderada pelos países europeus com o apoio dos EUA.
Fonte: Terra
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