órgão de estado que terá a função de prevenir o governo e o Brasil contra ciberataques como os ocorridos nesta semana só entrará em operação no segundo semestre do ano. O Núcleo do Centro de Defesa Cibernética, ligado ao Exército, e portanto subordinado ao Ministério da Defesa, capacitará os profissionais que deverão garantir a segurança em ambientes virtuais militares e governamentais. Também poderá zelar pela infraestrutura de informação do país. Contudo, ainda está em implantação.

De acordo com a assessoria de imprensa do Exército, por ora, o núcleo não conta com equipe definitiva ou equipamentos. Dessa forma, não pode realizar o monitoramento on-line adequado no país. No futuro, contará com aproximadamente cem militares, instalados em um prédio nos arredores de Brasília. Vai integrar as ações de defesa eletrônica do Exército, Marinha e Aeronáutica e será equipado com simuladores para exercício de guerra cibernética, laboratório para análise de armas digitais e centro de tratamento de incidentes.

O núcleo deverá unificar os serviços de proteção aos sistemas do governo, atualmente descentralizados. Os sites da Presidência, governo e Receita, por exemplo, estão sob os cuidados do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Já o endereço eletrônico do Ministério do Esporte fica sob responsabilidade da própria pasta. A Petrobras, empresa privada controlada pela União, cujo site também foi alvo de ataque, possui igualmente um departamento próprio que responde pela segurança da companhia na rede.


A proteção preventiva prometida pelo núcleo do Exército de fato é necessária. "Um ataque de grupos crackers como Anonymous pode ter sérias consequências", diz Routo Terada, professor titular do departamento de computação da Universidade de São Paulo (USP). Entre elas, aponta o especialista, está o vazamento de dados confidenciais de cidadãos ou do próprio governo. "Por enquanto, sites públicos são alvos relativamente fáceis à ação dos criminosos."

Um ataque dessa magnitude ainda não ocorreu. Nesta quarta e quinta-feira, endereços eletrônicos da Presidência, governo federal, Senado, Ministério do Esporte foram tirados do ar devido a ações dos crackers. Páginas da Petrobras e Receita Federal também foram atacados, mas resistiram. Em nenhum dos casos, segundo as autoridades, houve furto de daLinkdos.

CDCiber terá simuladores para exercício de guerra cibernética (Fonte: AE)

As investidas são reivindicadas pelo grupo autointitulado LulzSecBrazil, uma espécie de franquia do LulzSec que atua em outros países. Pela plataforma de bate-papo da internet IRC, crackers recrutaram simpatizantes com a finalidade de iniciar as ações contra endereços eletrônicos do governo. Ele utilizam o ataque de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês), pelo qual milhares de computadores infestadas com vírus tentam acessar, ao mesmo tempo, o endereço que pretendem derrubar. Em geral, o site não suporta a sobrecarga e sai do ar.

Os crackers justificam a investida da seguinte forma: "O LulzSecBrazil quer, com suas ações, combater a corrupção no Brasil", diz um membro do grupo. Ninguém nega que a corrupção seja um vírus nacional terrível. Mas lançar outra praga na internet, capaz de tirar do ar sites públicos que prestam serviços à população, definitivamente não resolve o problema.

Fonte: Veja